Voz do Outono
Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
– “Mais te valera, nu e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima soidão1,
Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel devesa2,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!
Mais valera à tua alma visionária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba3 vária,
(Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!” –
(Antero de Quental. Antologia, 1991.)
No poema, a voz da Natureza diz ao coração do eu lírico que é
possível conciliar a realidade cruel e os sonhos ideais para se tornar humanamente pleno. Isso está próximo das ideias do Romantismo, baseadas no subjetivismo.
necessário ter uma vida de sonhos para conseguir superar os desafios da vida. Isso se harmoniza com as ideias do Realismo, baseadas no racionalismo.
relevante buscar um mundo melhor para vencer a solidão, ainda que ele seja utópico. Isso se assemelha às ideias do Romantismo, baseadas no evasionismo.
fundamental explorar o mundo real e o utópico para se descobrir o real sentido da vida. Isso se opõe às ideias do Realismo, baseadas na objetividade.
importante vivenciar a verdade e não levar uma vida de sonhos e ilusões. Isso se opõe às ideias do Romantismo, baseadas na idealização