Vidas Secas (publicado em 1938), de Graciliano Ramos:
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Nesse capítulo do romance, intensifica-se o sofrimento dos “infelizes”, e Fabiano imagina, para aquela situação trágica, uma solução extrema, que está expressa no trecho:
Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se da casa, bateu, tentou forçar a porta (p. 13).
As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos (p. 12).
Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a idéia de abandonar o filho naquele descampado (p. 10).
Lembrou-se dos filhos, da mulher e da cachorra, que estavam lá em cima, debaixo de um juazeiro, com sede (p. 15).