Vida secas, romance de Graciliano Ramos, no dizer de Álvaro Lins, foi construída em quadros, em capítulos independentes, que não se articulam formalmente com bastante firmeza e segurança. Cada um deles é uma peça autônoma, vivendo por si mesma, com um valor literário tão indiscutível, aliás, que se poderia escolher um, conforme o gosto especial, para as antologias.
Partindo-se desse pressuposto, pode concluir sobre Vidas secas:
É um romance de difícil leitura, mesmo para os iniciados, dada a sua desarticulação entre capítulos.
Trata-se de um texto descontinuado, razão por que não se firmou entre os grandes romances brasileiros.
Humaniza mais a cachorra Baleia do que os filhos, que nem nome têm, por isso o descrédito de sua obra.
Não apresenta a figura de um bravo herói (Fabiano tem medo do Soldado Amarelo), como é comum em alguns romances.
É um romance que pode ser lido do fim para o início ou vice-versa, sem sofrer solução de continuidade na sua linha de compreensão, mas se constitui um grande romance da nossa literatura.