Versos de Drummond:
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
Das considerações abaixo sobre os versos de Drummond, uma não está correta.
A organização e a repetição das palavras nos versos tornam a linguagem simples, coloquial, com inúmeras leituras metafóricas para o vocábulo pedra.
Há em todo o poema a tentativa de travessia do poeta, de explorar e de interpretar o estar no mundo.
É evidente a dificuldade com que o eu poético sente-se menor que o mundo, daí a repetição dos vocábulos: caminho, que representa a busca, e pedra, todos os obstáculos.
Em “No meio do caminho tinha uma pedra”, quanto à análise sintática, o sujeito da oração é pedra. Houve críticas pelo uso do verbo ter ao invés de haver. Segundo eles, deveria ser: “No meio do caminho havia uma pedra” e em nada alteraria a sintaxe, pois pedra continuaria sendo o sujeito da oração.
Os versos se repetem em torno da palavra pedra, vão até ela e voltam, sem ultrapassá-la, pois ela representa os verdadeiros obstáculos da vida.