ENEM 2012

Verbo ser


QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer.

ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.


A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciais que têm origem 

a

no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular.

b

na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros.

c

na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares.

d

no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados.

e

na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares.

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Resposta
A
Tempo médio
1 min

Resolução

Análise Detalhada da Questão:

A questão pede para identificar a origem da inquietação existencial do eu lírico no poema "Verbo ser" de Carlos Drummond de Andrade, focando na relação com a autoimagem corporal e a corporeidade.

Passo 1: Leitura e Compreensão do Poema

Leia atentamente o poema. Note que o eu lírico, possivelmente uma criança ou adolescente, reflete sobre a pressão social para "ser" algo quando crescer ("QUE VAI SER quando crescer?"). Ele questiona o próprio significado de "ser", associando-o inicialmente a aspectos físicos e identitários ("É ter um corpo, um jeito, um nome?"). A repetição e a fragmentação ("ser, ser, ser. Er. R.") indicam angústia e dificuldade em definir essa noção.

Passo 2: Identificação do Conflito Central

O conflito central reside na tensão entre a expectativa externa (o que os outros esperam que ele "seja") e a sua própria indefinição ou desejo de não se encaixar em um molde pré-definido. Ele questiona se precisa mudar ("Tenho de mudar quando crescer?"), se é obrigado a escolher ("Sou obrigado a? Posso escolher?"), e, por fim, expressa uma recusa a essa imposição ("Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser.").

Passo 3: Conexão com o Enunciado

O enunciado direciona a análise para a "autoimagem corporal" e a "corporeidade". O poema menciona explicitamente "ter um corpo" como parte da definição inicial de "ser". A inquietação sobre "mudar quando crescer", incluindo a possibilidade de usar "outro nome, corpo e jeito", reforça a ligação entre a crise existencial e a percepção do próprio corpo e identidade física/social.

Passo 4: Análise das Alternativas

  • A: Afirma que a origem está no "conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular". Isso se alinha perfeitamente ao poema. A pressão para "ser" algo específico pode ser entendida como um "padrão" imposto (inclusive corporal, já que o corpo é mencionado), e a recusa final do eu lírico ("Não vou ser. Não quero ser.") demonstra um desejo de autenticidade e singularidade, de não se conformar.
  • B: Fala em "aceitação das imposições". O poema mostra o oposto: questionamento e recusa.
  • C: Menciona "confiança no futuro". O poema expressa dúvida, angústia e incerteza, não confiança.
  • D: Trata de "divulgar hábitos enraizados". O tema do poema é a construção da identidade futura, não a divulgação de hábitos passados.
  • E: Aponta "certeza da exclusão". A inquietação parece ser mais interna e ligada à pressão social geral do que a uma certeza de exclusão por pares específicos.

Passo 5: Conclusão

A alternativa A é a que melhor descreve a origem da inquietação existencial do eu lírico, conectando a pressão externa para se adequar a um padrão (que envolve o corpo e a identidade) com o desejo interno de autenticidade e a recusa em se definir por essas expectativas.

Portanto, a alternativa correta é a A.

Dicas

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Analise o significado da pergunta inicial: "QUE VAI SER quando crescer?" e como o eu lírico reage a ela.
Observe como o eu lírico relaciona o "ser" com elementos concretos: "um corpo, um jeito, um nome".
Reflita sobre o sentido da recusa final: "Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer."

Erros Comuns

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Interpretar a recusa final ("Não vou ser. Não quero ser.") como apatia ou falta de ambição, em vez de uma resistência à imposição de identidade.
Não conectar a menção ao "corpo" no poema com os termos "autoimagem corporal" e "corporeidade" no enunciado.
Confundir a pressão social genérica ("vivem perguntando em redor") com influências específicas como "tradições familiares" (opção C) ou "indiferença de pares" (opção E).
Achar que o poema expressa aceitação (opção B) quando, na verdade, ele é marcado pelo questionamento e pela recusa.
Desconsiderar o tom angustiado e filosófico do poema, focando apenas na questão superficial do "o que você vai ser quando crescer".
Revisão

Revisão de Conceitos

  • Interpretação de Texto Poético: Habilidade de analisar a linguagem figurada, o ritmo, a estrutura e os temas de um poema para compreender a mensagem e os sentimentos expressos pelo eu lírico.
  • Existencialismo na Literatura: Exploração de temas como a liberdade, a responsabilidade, a angústia, a busca por sentido e a construção da identidade individual frente às pressões sociais e à condição humana. Drummond frequentemente aborda essas questões.
  • Identidade e Corporeidade: Reflexão sobre como a identidade de um indivíduo é formada, incluindo a relação com o próprio corpo (corporeidade) e a imagem que se tem dele (autoimagem), muitas vezes influenciada por padrões sociais.
  • Modernismo Brasileiro (Segunda Fase): Período literário de Carlos Drummond de Andrade, caracterizado pela reflexão sobre o indivíduo, a sociedade, o tempo e questões existenciais, com uma linguagem que, embora elaborada, busca certa coloquialidade e aproximação com o cotidiano.
38%
Taxa de acerto
5.3
Média de pontos TRI
Habilidade

Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.

Porcentagem de alternativa escolhida por nota TRI
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