Verão no Aquário, publicado em 1963, é o segundo romance da escritora paulistana Lygia Fagundes Telles. O romance passa-se na década de 1960 e evidencia dilemas relacionados ao universo feminino, instaurados, principalmente, na relação conflituosa entre mãe e filha.
Leia a passagem a seguir para responder à questão.
Revolvi papéis e livros da minha mesa. Abri gavetas. Por onde andariam meus retratos? [...] Vi um retrato assim do meu pai: um menino débil e louro na sua roupa de marinheiro, a mão direita pousada na mesinha com uma toalha de franja e um vaso de flores em cima, a mão esquerda na cintura, os dedos graciosamente imobilizados pelo fotógrafo, “Vamos, olhe nessa direção!...”. O olhar ainda limpo do rancor pela bem-amada que havia de traí-lo um dia, pela mãe falhando no momento em que não podia falhar, pelo amigo que não era amigo, por Deus que não apareceria para salvá-lo quando ele próprio se erguesse para ferir o próximo assim como foi ferido também. Os ídolos ainda estão inteiros. O menino então sorri e nem o inimigo mais feroz resistirá a esse sorriso de quem se oferece tão sem defesa.
TELES, L. G. Verão no Aquário. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
No trecho, a narradora, ao encontrar o retrato de seu pai quando criança, e associando aquela imagem ao homem que se tornou, percebe-o como um sujeito
medroso.
desamparado.
traiçoeiro.
religioso.
incrédulo.