FACERES Medicina 2013/2

Vento no litoral

De tarde quero descansar,

Chegar ate a praia e ver

Se o vento ainda está forte

E vai ser bom subir nas pedras

Sei que faço isso pra esquecer

Eu deixo a onda me acertar

E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe

Vê, a linha do horizonte me distrai

Dos nossos planos é que tenho mais saudade,

Quando olhávamos juntos na mesma direção

Aonde está você agora

Além de aqui dentro de mim?

Agimos certo sem querer

Foi só o tempo que errou

Vai ser difícil sem você

Porque você está comigo o tempo todo

E quando eu vejo o mar,

Existe algo que diz,

Que a vida continua

E se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui,

O que posso fazer é cuidar de mim

Quero ser feliz ao menos

Lembra que o plano era ficarmos bem?

- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos

Sei que faço isso pra esquecer

Eu deixo a onda me acertar

E o vento vai levando tudo embora

Renato Russo

 

Lira V

Os mares, minha bela, não se movem,

O brando Norte assopra, nem diviso

Uma nuvem sequer na Esfera toda;

O destro Nauta aqui não é preciso;

Do seu governo a roda.

Mas ah! que o sul carrega, o mar se empola,

Rasga-se a vela, o mastaréu se parte!

Qualquer varão prudente aqui já teme;

Não tenho a necessária força, e arte.

Corra o sábio Piloto, corra, e venha

Reger o duro leme.

Como sucede à nau no mar, sucede

Aos homens na ventura, e na desgraça;

Basta ao feliz não ter total demência;

Mas quem de venturoso a triste passa,

Deve entregar o leme do discurso

Nas mãos da sã prudência.

Todo o Céu se cobriu, os raios chovem:

E esta alma, em tanta pena consternada,

Nem sabe aonde possa achar conforto.

Ah! não, não tardes, vem, Marília amada,

Toma o leme da nau, mareia o pano,

Vai-a salvar no porto.

Sucede, Marília bela,

À medonha noite o dia;

A estação chuvosa e fria

À quente seca estação.

Muda-se a sorte dos tempos;

Só a minha sorte não?

Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu

A partir da leitura dos textos, assinale a assertiva correta.

a

Nos vocábulos "tempo", texto I, e "Céu", texto II, ocorre personificação, figura de linguagem bastan-te recorrente na literatura árcade.

b

Pode-se afirmar que os dois textos exploram um dos temas árcades mais recorrentes na poesia líri-ca: a saudade da amada.

c

O eu lírico do texto I encontra-se impossibilitado de concretizar, realizar seu caso amoroso, já que está distante do ser amado, separado pelo mar, pela saudade.

d

A presença da natureza nos dois textos representa o local de composição das obras, pois o cenário idealizado pelo homem neoclássico era em meio às maravilhas naturais, que podiam proporcionar uma vida simples, mas rica espiritualmente.

e

Nos textos I e II, a palavra "mar" e "mares", res-pectivamente, estão empregadas no sentido cono-tativo da linguagem.

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Resposta
A

Resolução

Para resolver esta questão, siga estes passos:

  1. Identifique os textos: o texto I é um poema contemporâneo de Renato Russo; o texto II é uma Lira árcade de Tomás Antônio Gonzaga.
  2. Localize as palavras indicadas nas alternativas: "tempo" no texto I e "Céu" no texto II.
  3. Verifique se tais vocábulos recebem características humanas (ação, vontade): no texto I, o eu lírico diz “Foi só o tempo que errou”, atribuindo ao tempo a capacidade de errar; no texto II, lê-se “Todo o Céu se cobriu”, conferindo ao céu o ato de se cobrir.
  4. Reconheça que essa atribuição de ação humana a elementos não humanos é a figura de linguagem chamada personificação, muito presente tanto na poesia contemporânea quanto na tradição árcade.
  5. Conclua que a alternativa A está correta e elimine as demais por não atenderem aos critérios de personificação ou por associarem temas e vozes poéticas de maneira equivocada.

Resposta correta: A.

Dicas

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Busque atribuir ações humanas às palavras ‘tempo’ e ‘céu’.
Pergunte-se se ‘erro’ e ‘cobrir-se’ são ações próprias de seres humanos.
Lembre-se de que personificação é comum na poesia que valoriza elementos naturais.

Erros Comuns

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Confundir personificação com metáfora ou metonímia.
Acreditar que “mar” e “mares” têm sentido conotativo em vez de denotativo.
Não identificar que o poema de Renato Russo é contemporâneo e não árcade.
Interpretar ‘tempo que errou’ como uso literal do tempo, sem reconhecer o aspecto figurado.
Revisão

Personificação (ou prosopopeia): figura de linguagem que atribui qualidades, ações ou sentimentos humanos a seres inanimados, animais ou conceitos abstratos.

Arcadismo: movimento literário do século XVIII que valoriza a simplicidade, o contato com a natureza e o ideal pastoril; costuma empregar figuras como personificação e metáfora.

Eu lírico: voz que narra o poema, expressando emoções e sentimentos; não deve ser confundido com o autor.

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