Vento no litoral
De tarde quero descansar,
Chegar ate a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
E quando eu vejo o mar,
Existe algo que diz,
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?
- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora
Renato Russo
Lira V
Os mares, minha bela, não se movem,
O brando Norte assopra, nem diviso
Uma nuvem sequer na Esfera toda;
O destro Nauta aqui não é preciso;
Do seu governo a roda.
Mas ah! que o sul carrega, o mar se empola,
Rasga-se a vela, o mastaréu se parte!
Qualquer varão prudente aqui já teme;
Não tenho a necessária força, e arte.
Corra o sábio Piloto, corra, e venha
Reger o duro leme.
Como sucede à nau no mar, sucede
Aos homens na ventura, e na desgraça;
Basta ao feliz não ter total demência;
Mas quem de venturoso a triste passa,
Deve entregar o leme do discurso
Nas mãos da sã prudência.
Todo o Céu se cobriu, os raios chovem:
E esta alma, em tanta pena consternada,
Nem sabe aonde possa achar conforto.
Ah! não, não tardes, vem, Marília amada,
Toma o leme da nau, mareia o pano,
Vai-a salvar no porto.
Sucede, Marília bela,
À medonha noite o dia;
A estação chuvosa e fria
À quente seca estação.
Muda-se a sorte dos tempos;
Só a minha sorte não?
Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu
A partir da leitura dos textos, assinale a assertiva correta.
Nos vocábulos "tempo", texto I, e "Céu", texto II, ocorre personificação, figura de linguagem bastan-te recorrente na literatura árcade.
Pode-se afirmar que os dois textos exploram um dos temas árcades mais recorrentes na poesia líri-ca: a saudade da amada.
O eu lírico do texto I encontra-se impossibilitado de concretizar, realizar seu caso amoroso, já que está distante do ser amado, separado pelo mar, pela saudade.
A presença da natureza nos dois textos representa o local de composição das obras, pois o cenário idealizado pelo homem neoclássico era em meio às maravilhas naturais, que podiam proporcionar uma vida simples, mas rica espiritualmente.
Nos textos I e II, a palavra "mar" e "mares", res-pectivamente, estão empregadas no sentido cono-tativo da linguagem.
Para resolver esta questão, siga estes passos:
Resposta correta: A.
Personificação (ou prosopopeia): figura de linguagem que atribui qualidades, ações ou sentimentos humanos a seres inanimados, animais ou conceitos abstratos.
Arcadismo: movimento literário do século XVIII que valoriza a simplicidade, o contato com a natureza e o ideal pastoril; costuma empregar figuras como personificação e metáfora.
Eu lírico: voz que narra o poema, expressando emoções e sentimentos; não deve ser confundido com o autor.