Uma simples inspeção das datas mostra que o Modernismo se vincula estreitamente a certas transformações da sociedade. 1922 é um ano simbólico do Brasil moderno, coincidindo com o Centenário da Independência. A Guerra Mundial de 1914-1918 influiu no crescimento da nossa indústria e no conjunto da economia. (...) Em 1930, segunda data-chave, sofríamos, como todo o mundo civilizado, os efeitos da grande crise econômica mundial, aberta em 1929, que motivou um decênio de depressão. Golpeando na base o nosso produto de exportação, o café, ele abalou a oligarquia dirigente, apoiada na economia rural e permitiu a vitória dos liberais na Revolução de Outubro. (...) A terceira data-chave, 1945, corresponde ao ano em que terminou a Segunda Guerra Mundial. Como ocorrera no período de 1914-1918, o conflito influiu decisivamente na nossa economia e mentalidade, fazendo-nos entrar na era industrial, formando um proletariado numeroso, que passou a exigir a sua participação na vida política, liquidando nas áreas adiantadas o mandonismo local.
(Antonio Candido e José Aderaldo Castello. Presença da Literatura Brasileira − Modernismo. Rio de Janeiro / S. Paulo: Difel, 1977, 6. ed., p. 7-9)
O fim da Primeira República é marcado pela Revolução de 1930, cujo episódio conhecido como “revolução de outubro”, segundo o texto, abalou a oligarquia dirigente. A oligarquia a que o texto se refere
rompeu a política do café-com-leite fazendo aliança com a oligarquia nordestina ao apresentar a candidatura de João Pessoa, logo assassinado por razões políticas.
era a oligarquia mineira, que assumira a presidência devido ao sucesso da Aliança Liberal formada com a oligarquia gaúcha, logo destituída pelas tropas constitucionalistas paulistas.
abarcava o conjunto das elites rurais brasileiras, que perdem espaço para as classes médias e os militares liberais, após a vitória do Tenentismo, encabeçado por Getúlio Vargas.
tratava-se da oligarquia paulista, que procurara manter-se a todo custo no poder, forjando a vitória eleitoral de seu candidato à presidência, Julio Prestes.
representava a velha “República da Espada”, ou seja, os militares que haviam proclamado a República e mantinham- se nos bastidores do poder desde o fim do mandato do Marechal Floriano Peixoto.