UFRN 2012
Uma saída para as megacidades
As soluções inusitadas para trânsito, lixo, poluição – e os problemas crônicos dos grandes centros urbanos
ROBERTA CARDOSO com NELITO FERNANDES
Precisamente às 6 horas da manhã, o despertador de Lilian Garcia Martins toca na Vila
Formosa, bairro de classe média na Zona Leste de São Paulo. A partir daí, começa a
3 jornada da analista de crédito, de 35 anos, para chegar ao trabalho, às 8h30. O grande
desafio de Lilian é se locomover em horário de pico na cidade. Como é difícil, pela lotação
excessiva, pegar qualquer uma das linhas de ônibus que passam perto de sua casa e dão
6 acesso ao metrô, o marido tem de levá-la ao terminal de embarque mais próximo. Ambos
perdem cerca de 20 minutos de carro para fazer o trajeto. Só aí Lilian consegue entrar em
um ônibus que a deixará a alguns metros da estação Tatuapé. Poucos minutos depois, ela
9 volta a enfrentar o mesmo problema, no metrô. ―Espero cerca de meia hora, todo dia, para
conseguir entrar em um dos vagões. E sair é tão difícil quanto entrar‖, diz.
Essa não é uma aventura exclusiva de Lilian. Na capital paulista, quem depende do
12 transporte público tem uma rotina difícil. A falta de eficiência na mobilidade e a densidade
populacional agravaram o frágil modelo de urbanização de cidades que crescem sem
planejamento. O problema não é apenas de São Paulo, e vai além de complicações no
15 transporte. Os moradores das grandes cidades do mundo – principalmente as que se
expandem aceleradamente em países emergentes – enfrentam desafios como a
degradação dos centros, o ar poluído, as enchentes e a falta de lugar para dispor o lixo. De
18 acordo com a ONU, a previsão é que até 2020 a população urbana global atingirá 4,2
bilhões. Nos anos 1970, as dez maiores cidades do mundo somavam 114 milhões de
pessoas. Em 2025, abrigarão 234 milhões. Até lá, segundo um estudo da consultoria
21 McKinsey, 136 centros urbanos vão se tornar megacidades (aquelas com mais de 10 milhões de habitantes). Essa expansão das megalópoles está multiplicando os problemas da sociedade. [...]
Disponível em . Acesso em: 30 ago. 2011.
Os propósitos comunicativos do Texto 1 e do Texto 2 são, respectivamente,
comparar as dificuldades de locomoção vivenciadas pelos moradores de diversas cidades do mundo e quantificar o crescimento populacional.
relatar as impressões sobre o cotidiano de uma grande cidade e denunciar o descontrole do crescimento populacional das megacidades.
descrever as dificuldades de locomoção vivenciadas por uma moradora de um grande centro urbano e informar sobre a exploração dos recursos naturais.
oferecer ao leitor um enfoque mais detalhado sobre o assunto tratado e atrair a atenção do leitor para a matéria em destaque.
Resolução
Solução detalhada:
O Texto 1 apresenta uma perspectiva aprofundada sobre as dificuldades na mobilidade e na vida urbana em grandes metrópoles, exemplificando com a experiência pessoal de Lilian. Já o Texto 2, ao exibir a capa de uma revista com uma manchete chamativa, tem o propósito de despertar o interesse do leitor para o crescimento populacional e seus impactos, aproximando o público do tema e enfatizando a urgência das reflexões.
Nesse sentido, a alternativa correta (D) expressa que o primeiro texto oferece um enfoque minucioso sobre problemas urbanos (como o transporte público), enquanto o segundo chama a atenção do leitor para a matéria principal, enfocando o impacto do crescimento populacional. Esses são, respectivamente, os propósitos comunicativos dos dois textos.
Dicas
Erros Comuns
Conceitos importantes:
- Propósito comunicativo: a intenção do autor ao produzir o texto, seja informar, persuadir, descrever ou alertar o público.
- Gêneros textuais: textos informativos (reportagens) apresentam fatos e análises mais detalhadas; capas de revistas buscam atrair o leitor utilizando título chamativo e imagens impactantes.
- Análise comparativa: entender como cada texto cumpre seu objetivo (informar em profundidade ou atrair a atenção do público).
