Um bilhão de pessoas são vítimas da fome. A
produção da agricultura mundial é suficiente para
alimentá-las, mas os produtos não são
distribuídos adequadamente. Mesmo que fossem,
muitos não teriam condições de comprar, e os
preços não parariam de subir. [...]
O sistema de alimentos do mundo enfrenta [...]
desafios poderosos e interligados. Precisa
garantir que os 7 bilhões de pessoas que vivem
hoje estejam adequadamente alimentadas; é
necessário duplicar a produção de alimentos nos
próximos 40 anos; e essas duas metas devem
ser perseguidas ao mesmo tempo e em condições
ambientalmente sustentáveis.
(FOLEY, 2012, p. 32).
As crises de fome, em determinados momentos históricos, provocaram processos sociais que, em alguns casos, trouxeram modificações significativas na organização das sociedades.
Entre essas modificações, pode-se apontar as resultantes
da escassez de alimentos para dar de comer aos peregrinos à cidade de Meca, em função da vocação comercial da tribo dos coraixitas que controlava a Caaba, o que provocou a revolta liderada por Maomé e a instalação de um império teocrático agrícola e autossuficiente.
da revolta dos servos medievais, que, apoiando a Reforma Protestante liderada por Lutero, contribuíram para a unificação política alemã e para o fortalecimento do absolutismo real, fundamental para o processo de colonização além-mar.
da crise de fome, ocorrida na Baixa Idade Média, na Europa Ocidental, que, associada às revoltas camponesas, às guerras feudais e à peste negra, contribuiu para a decadência do sistema feudal e a transição para o modo de produção capitalista.
do renascimento do comércio e das cidades, a partir do século XI, quando a crise agrícola forçou a organização das Cruzadas, cujo objetivo maior era a importação de alimentos produzidos no Oriente, contribuindo para a alta lucratividade da burguesia, cujo capital passou a ser reinvestido na indústria.
da introdução de novos cultivos na América, nas primeiras décadas da colonização, como a cana-de-açúcar e o café, que contribuiu para o crescimento da produtividade agrícola nas sociedades ameríndias e a diminuição das crises de fome crônica nessas sociedades