Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minh’alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semidéia,
que, como um acidente em seu sujeito,
assi co a alma minha se conforma,
está no pensamento como idéia:
e o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
(Camões, ed. A.J. da Costa Pimpão
A relação semântica expressa pelo termo logo no verso “Não tenho, logo, mais que desejar” ocorre igualmente em: