Tornou-se um lugar comum chamar o regime político existente entre 1964 e 1979 de “ditadura militar”. Trata-se de um exercício de memória, que se mantém graças a diferentes interesses, a hábitos adquiridos e à preguiça intelectual. O problema é que esta memória não contribui para a compreensão da história recente do país e da ditadura em particular. É inútil esconder a participação de amplos segmentos da população no golpe que instaurou a ditadura em 1964. É como tapar o sol com a peneira.
Daniel Aarão Reis Adaptado de O Globo, 31/03/2012.
O ponto de vista do historiador acerca da participação de grupos sociais no golpe pode ser ampliado: tais grupos também apoiaram as medidas adotadas pelo Estado brasileiro após 1964.
Uma medida estatal e o respectivo segmento social que a apoiou estão apresentados em:
elevação do arrocho salarial pelo Ministério da Fazenda – classe média
repressão à luta armada pela Operação Bandeirante – industriais paulistas
imposição da censura prévia pelo Ministério da Justiça – imprensa alternativa
promoção de prisões arbitrárias pela Polícia Política – pensadores comunistas