Textos para a questão
Sobre o autor: Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) é considerado o maior poeta místico da Literatura Brasileira. Seu lirismo amoroso, quase sempre de caráter elegíaco, gravita em torno do amor e da morte, sendo decorrente de uma particularidade bastante pessoal: a morte de sua prima Constança. Esta parece, na maioria das vezes, identificada com a Virgem Maria, num clima permanente de sonho e de mistério. Trata-se, portanto, de um lirismo de base platônica, apresentando, não raro, uma tonalidade medieval, lembrando o amor cortês.
Texto 1: Eras a sombra no poente
Eras a sombra do poente
Em calmarias bem calmas;
E no ermo agreste, silente,
Palmeira cheia de palmas.
Eras a canção de outrora,
Por entre nuvens de prece;
Palidez que ao longe cora
E beijo que aos lábios desce.
Eras a harmonia esparsa
Em violas e violoncelos:
E como um voo de garça
Em solitários castelos.
Eras tudo, tudo quanto
De suave esperança existe;
Manto dos pobres e manto
Com que as chagas me cobriste.
Eras o Cordeiro, a Pomba,
A crença que o amor renova...
És agora a cruz que tomba
À beira de tua cova.
(Alphonsus de Guimaraens. Poesias – I. Rio de Janeiro: Org. Smões, 1955, p.284.)
Texto 2: Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E no desvario seu
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao Céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(Alphonsus de Guimaraens. Melhores Poemas. Seleção: Alphonsus de Guimaraens Filho- 4ª Ed. São Paulo: Global, 2001.p.101).
I – Em ambos os textos, empregou-se o verso redondilho maior, o mais comum na lírica popular portuguesa, profundamente ligado à tradição poética e musical que remonta à Idade Média.
II – Ambos os textos, filiados ao Simbolismo, confirmam uma característica marcante dessa estética: o emprego de um vocabulário incomum, raro, exótico que, inclusive, compromete o entendimento do leitor.
III – No texto II, os dois versos finais de cada estrofe, além de se caracterizarem pela presença da antítese, apresenta o chamado paralelismo, o qual consiste na repetição da mesa estrutura sintática.
I, II e III – corretos.
I e II – corretos; III- incorreto.
I- incorreto: II e III- corretos.
I- incorreto; II- correto; III- incorreto.
I- correto; II- incorreto; III- correto.