TEXTO:
Vozes da morte
Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Tamarindo de minha desventura,
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!
Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
E a podridão, meu velho! E essa futura
Ultrafatalidade de ossatura,
A que nos acharemos reduzidos!
Não morrerão, porém, tuas sementes!
E assim, para o Futuro, em diferentes
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,
Na multiplicidade dos teus ramos,
Pelo muito que em vida nos amamos,
Depois da morte, inda teremos filhos.
ANJOS, Augusto dos. Vozes da morte. Eu e outros poemas. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 62-63. (Coleção A obra-prima de cada autor).
A leitura do texto permite inferir corretamente que esse texto, na verdade,
retrata o apego do ser humano à existência terrestre.
transmite a crença do homem na existência de outras vidas.
passa a ideia de noite como sinônimo de vazio e desintegração.
constitui um convite à humanidade para a preservação ambiental.
celebra a continuidade da vida e a aliança do homem com a natureza.