PUC-GO 2018/2

TEXTO

 

    — Vou confessar-lhe um crime. Ninguém sabe disso, mas eu não aguento mais o desejo de o revelar. É mais do que desejo. É uma necessidade obsedante. Tenho a impressão de que só depois de todos o conhecerem, depois de todos me desprezarem, me humilharem, me condenarem, é que gozarei novamente paz, calma, estabilidade, descanso. Há vinte anos que venho vivendo sob o tormento de não esquecer um só momento esse crime, a fim de defender-me de qualquer acusação, a fim de não levantar suspeitas, nem trair-me. É um inferno. Preciso livrar-me disso, espremer esse tumor.

    O rosto de Anízio clareava num prazer masoquista: — Quero contar-lhe tudo. Reviver minha dor. Abriu outra porta e entramos numa capela. Entre cangalhas velhas e cadeiras quebradas estava um crucifixo. O Cristo agonizante tinha no rosto uma divina expressão de perdão. Anízio, porém, não lhe deu confiança, abriu um alçapão e descemos a escada. Era uma verdadeira cova. Fria, mofada, fedorenta a latim. Atravessamos um corredor escuro e chegamos a uma porta que estava trancada. Anízio rodou a chave, que devia ser gigantesca, mas não era, e penetramos numa sala pequena, baixa.

     — Era aqui que meu avô ensinava os negros.

    Um correntão inútil e enferrujado escorregava do tronco fincado no meio da sala. Depois, a um canto, branquejou alguma coisa. Quando nos aproximamos mais e eu pude ver direito, senti uma coisa ruim, pelos nervos. Era uma ossada humana, insepulta, amontoada. Ainda me lembra que um rato romântico passeava no tórax vazio. No meu assombro sincero, pareceu-me que era o coração que batia:

     — O coração ainda palpita, Anízio?!

     Ele ficou duro, com o olhar desvairado, num pavor sagrado, como um médium em transe. O rato fugiu ágil, num ruído pau de ossos.

     — Essa ousada foi Branca.

     — Ora! — pensei comigo, ela ainda é branca;

     está é meio encardida, mas praticamente é branca. Já não me sentia muito seguro e convidei:

     — Vamos embora, Anízio?

    Ele então deu um coice no esqueleto e nisto recuou de um salto. Corri para a saída, as pernas bambas, o coração batendo na goela; lá é que observei não saber por que fugira e resolvi perguntar o que se dera.

     — Veja lá — e ele apontou para uma cobra enorme que se ia enroscando pastosamente repelente entre os ossos:

    — É a alma de Branca. Deu-me um bote, mas creio não me alcançou. — Disse ele examinando a canela, a botina.

(ÉLIS, Bernardo. Melhores contos. 4. ed. São Paulo: Global, 2015. p. 30-31. Adaptado.)

    No Texto, o trecho, “Anízio rodou a chave, que deveria ser gigantesca, mas não era”, faz referência a um movimento de rotação. Suponha que essa chave esteja presa em uma das extremidades de um fio ideal.

 

Se Anízio, com a outra extremidade do fio presa entre os dedos, fizer com que esse sistema realize 4 voltas a cada segundo, é correto afirmar que a velocidade angular e o período de rotação serão, respectivamente iguais a:

a

4π rad/s e 0,15 s.

b

8π rad/s e 0,25 s. 

c

15π rad/s e 2,0 s.

d

20π rad/s e 4,0 s.

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B
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