TEXTO:
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre:
[5] dizei-me por vida vossa
em que fundais o ditame
de exaltar os que aqui vêm
e abater os que aqui nascem?
MATOS, Gregório de. Descreve como os estrangeiros arruínam a Bahia. In: MENDES, Cleise Furtado. Senhora Dona Bahia. Salvador, EDUFBA, 1996. p. 88.
É possível estabelecer um diálogo entre o texto “A cidade invisível e a cidade dissimulada”, de Gey Espinheira, e o texto de Gregório de Matos (século XVII), considerando o seguinte trecho:
“Como cidade barroca, é preciso que todos os sentidos
estejam atentos, aguçados e que, além deles, a
imaginação permita brincar em seus jogos de luz e
sombra.” (l. 3-6).
“Poderíamos levantar, como hipótese, que a baianidade,
como estilo de vida, está muito longe de ser a imagem
folclorizada de um povo lento, e até mesmo preguiçoso,
sensual e devotado ao misticismo e à voluptuosidade.”
(l. 22-26).
“É o cosmopolitismo, a capacidade de digerir o diferente
e internalizá-lo como coisa sua, e de não poder ser
definida como um tipo, como uma representação em um
único ícone, que faz da cidade da Bahia essa
singularidade.” (l. 26-30).
“São, em sua maioria, os mais pobres, os menos
tocados pelos mecanismos institucionalizados de
ascensão social.” (l. 36-38).
“São essas pessoas, muitas de fora, que dominam o
comércio lúdico/artístico/artesanal. Os negros pardos e
mulatos estão lá trabalhando para servir à indústria
cultural, aos de fora, muitas vezes fantasiados de negros”
(l. 68-72)