TEXTO
Retrato do artista quando coisa
[110] A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
[115] Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
[120] portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
[125] que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
[130] usando borboletas.
BARROS, Manoel. O retrato do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998.
No poema de Manoel de Barros, é descrita a seguinte sequência de atividades cotidianas com as quais o enunciador não deseja construir sua identidade: “Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva, etc. etc.” (linhas 118- 125). Observe o que se diz a respeito disso.
I. Há uma gradação da ação mais importante para a menos importante.
II. As ações são descritas aleatoriamente, sem seguir uma linearidade lógica previamente explicitada.
III. O enunciador lista atividades recorrentes do seu cotidiano que, isoladas, não constroem sua identidade.
IV. A lista de ações poderia ainda ser estendida.
É correto o que se afirma somente em
I.
I, II e IV.
II, III e IV.
III.