Texto
Retrato
Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
[155] Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
[160] — Em que espelho ficou perdida
a minha face?
O poema Retrato utiliza uma imagem poética recorrente nas poesias de Cecília Meireles: o espelho.
Essa imagem está atrelada a questões existencialistas que, neste poema, são
o bem e o mal.
a fraqueza e a força.
a vida e a morte.
a juventude e a velhice.
Para resolver essa questão, é fundamental analisar a dimensão do espelho no poema. Em Retrato, Cecília Meireles propõe uma reflexão sobre o tempo que passa e, principalmente, sobre as transformações físicas e emocionais que a vida nos impõe. O eu poético observa, quase de surpresa, uma mudança na fisionomia e no estado de espírito, comparando o “rosto de hoje” àquele de outrora. Essa mudança envolve, essencialmente, a transição entre fases da vida, o que remete à juventude e à velhice. Por isso, a resposta correta é a alternativa D.
Imagem poética do espelho: Em muitas obras literárias, o espelho simboliza a reflexão sobre si mesmo ou a passagem do tempo, permitindo ao sujeito poético confrontar o presente e o passado.
Temporalidade e identidade: O poema enfatiza como a identidade muda em função do tempo, abordando marcas físicas e emocionais típicas do envelhecimento.