Texto para a questão
Talvez algum dia, nas próximas décadas, você esbarre nessa crônica, pela internet. Talvez uma tia comente, "lembro de um texto que o teu pai te escreveu quando você era bebê, era sobre uma praça, acho, cê já leu?" Talvez eu mesmo te mostre, na adolescência, vai saber?
Essa crônica é sobre uma praça, sim, sobre uma tarde que a gente passou na praça, no dia 5 de abril de 2016 (ontem). Não é nenhuma história extraordinária a que vou te contar. É uma história simples, feita de elementos simples como é feita a maior parte da vida da gente, esses 99% de que a gente desdenha, sempre esperando por acontecimentos extraordinários. Mas acontecimentos extraordinários são raros, como a própria palavra "extraordinários" já diz, aí a vida passa e a gente não aproveitou. Pois hoje você me fez aproveitar a vida, Daniel, por isso resolvi te escrever, agradecendo.
PRATA, Antonio. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2016/04/1759346-carta-pro-daniel.shtml>. Acesso em 12.04.16.
Essa crônica é escrita numa linguagem informal, o que se percebe
pela referência precisa à data dos acontecimentos: “5 de abril de 2016” .
pelo uso de vocativos carinhosos, como “a gente”, “cê” e “Daniel”.
pela falta de uniformidade de tratamento para se referir a Daniel.
pelo emprego raro da palavra “extraordinários”, o que explica as aspas.
pela alusão à tia, única personagem que valoriza a norma-padrão.