Texto para a questão
(....) Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão.
Ele cresceu, está com dois metros, lança suas folhas além do muro e é um
esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto.
Tinha visto centenas de milharais - mas é diferente.
[5] Um pé de milho sozinho, em um canteiro espremido, junto do portão,
numa esquina de rua - não é um número numa lavoura, é um ser vivo e
independente. Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas longas e
verdes nunca estão imóveis. Detesto comparações surrealistas - mas na lógica
de seu crescimento, tal como vi numa noite de luar, o pé de milho parecia um
[10] cavalo empinado, de crinas ao vento e em outra madrugada, parecia um galo
cantando.
Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como
se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou. Há muitas flores lindas no
mundo, e a flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme,
[15] vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar
com uma força e uma alegria que me fazem bem. É alguma coisa
que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra.
Eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina
de escrever: sou um rico lavrador da rua Júlio de Castilhos.
Rubem Braga, Um pé de milho.
Tendo em vista o termo a que se refere, o pronome “que” poderia ser substituído por “a qual” no seguinte trecho do texto:
“que era” (L. 12).
“que me fazem bem” (L. 16).
“que se afirma” (L. 17).
“que nos encantou” (L. 12).
“que vive” (L. 18).