Texto para a questão
Museu da Inconfidência*
São palavras no chão
e memória nos autos.
as casas inda restam,
os amores, mais não.
E restam poucas roupas,
sobrepeliz de pároco,
a vara de um juiz,
anjos, púrpuras, ecos.
Macia flor de olvido,
sem aroma governas
o tempo ingovernável.
Muros pranteiam. Só.
Toda história é remorso.
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.
*Museu instalado em Ouro Preto, MG, antiga Vila Rica.
Considerando-se o poema no contexto estético e ideológico de Claro enigma, ao qual pertence, verifica-se que a posição do eu lírico, em relação à Inconfidência Mineira, é a de
encará-la como modelo de rebeldia, a ser oferecido às novas gerações de militantes políticos.
considerá-la exemplo privilegiado da violência com que as elites reprimem as insurreições no Brasil.
tomá-la, distanciadamente, como ponto de partida para reflexões de caráter generalizante e teor filosófico.
lamentar a precariedade da reconstituição histórica que lhe é oferecida pela posterioridade.
enfatizar o sentimento de culpa das elites brasileiras, contemporâneas do poeta, em face do martírio de Tiradentes.