Texto
O POETA DA ROÇA
Patativa do Assaré
Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio.
Sou poeta das brenha, não faço pape
De argum menestré, ou errante canto
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à procura de amo.
Na tenho sabença, pois nunca
estudei, Apenas eu sei o nome assina.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estuda.
(...)
Disponível em: www.letras.mus.br. Acesso em: 22 de julho de 2017.
As marcas da variedade regional, registradas pelo poeta, resultam da aplicação de um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico.
No texto, é resultado de uma mesma regra a
pronúncia das palavras “fio” e “trabaio”.
pronúncia das palavras “ argum” e “menestré”.
flexão verbal encontrada em “cantô” e “trabaio”
metáfora nas expressões “sem cobre” e “menestré”.
concordância em: “na tenho sabença” e “fio das matas”.