CN 2021

Texto 

 

Nunca imaginei um dia
 

    Até alguns anos atrás, eu costumava dizer frases como “eu jamais vou fazer isso” ou “nem morta eu faço aquilo”, limitando minhas possibilidades de descoberta e emoção. Não é fácil libertar-se do manual de instruções que nos autoimpomos. Às vezes, leva-se uma vida inteira, e nem assim conseguimos viabilizar esse projeto. Por sorte, minha ficha caiu há tempo.

    Começou quando iniciei um relacionamento com alguém completamente diferente de mim, diferente a um ponto radical mesmo: ele, por si só, foi meu primeiro “nunca imaginei um dia”. Feitos para ficarem a dois planetas de distância um do outro. Mas o amor não respeita a lógica, e eu, que sempre me senti tão confortável num mundo planejado, inaugurei a instabilidade emocional na minha vida. Prendi a respiração e dei um belo mergulho.

    A partir daí, comecei a fazer coisas que nunca havia feito. Mergulhar, aliás, foi uma delas. Sempre respeitosa com o mar e chata para molhar os cabelos, afundei em busca de tartarugas gigantes e peixes coloridos no mar de Fernando de Noronha. Traumatizada com cavalos (por causa de um equino que quase me levou ao chão quando eu tinha oito anos), participei da minha primeira cavalgada depois dos 40, em São Francisco de Paula. Roqueira convicta e avessa a pagode, assisti a um show'do Zeca Pagodinho na Lapa. Para ver o Ronaldo Fenômeno jogar ao vivo, me infiltrei na torcida do Olímpico num -jogo entre Grêmio e Corinthians, mesmo sendo colorada.

    Meu paladar deixou de ser monótono: comecei aprovar alimentos que nunca havia provado antes. E muitas outras coisas vetadas por causa do “medo do ridículo” receberam alvará de soltura. O ridículo deixou de existir na minha vida.

    Não deixei de ser eu. Apenas abri o leque, me permitindo ser um “eu” mais amplo. E sinto que é um caminho sem volta.

    Um mês atrás participei de outro capítulo da série “Nunca imaginei um dia”. Viajei numa excursão, eu que sempre rejeitei essa modalidade turística. Sigo preferindo viajar a dois ou sozinha, mas foi uma experiência fascinante, ainda mais que a viagem não tinha como destino um país do circuito Elizabeth Arden (Paris- Londres-Nova York), mas um país africano, muçulmano e desértico. Aliás, o deserto de Atacama, no Chile, será meu provável “nunca imaginei um dia” do próximo ano.

    E agora cometi a loucura jamais pensada, a insanidade que nunca me permiti, o ato que me faria merecer uma camisa-de-força: eu, que nunca me comovi “com bichos de estimação, adotei um gato de rua.

    Ainda há muitas experiências a conferir. fazer compras pela internet, andar num balão, cozinhar dignamente, me tatuar, ler livros pelo kindie, viajar de navio e mais umas 400 coisas que nunca imaginei fazer um dia, mas que já não duvido. Pois tem essa também:
deixei de ser tão cética.
    Já que é improvável que o próximo ano seja diferente de qualquer outro, que a novidade sejamos nós.   

Medeiros, Martha. Nunca imaginei um dia. 2009. Disponível em: http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com/2009/12/nunca- imaginei-um-dia-martha-medeiros.html. Acesso em: 10 fev. 2021.     

No que se refere à concordância verbal, analise as frase abaixo.

 

I- No próximo mês, vão fazer 10 anos que eu participei da minha primeira cavalgada depois dos 40 anos de idade.

II - Provavelmente, vão existir muitas outras experiências marcantes, tais como: me tatuar, andar num balão, viajar de navio, etc.

III - Com certeza, não foram as minhas duas filhas quem trouxe um pequeno bichano de três meses para à nossa casa.

IV- Admite-se, na nossa família, pessoas muito aventureiras e abertas a novas e empolgantes experiências de vida.

 

Está correto o que se afirma em

a

I, II, III e IV.

b

I, III e IV apenas.

c

II III e IV apenas.

d

ll e III apenas.

e

IIl e IV apenas.

Ver resposta
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Resposta
D

Resolução

Nesta questão, analisamos a concordância verbal em quatro frases. Em (I), observa-se o uso incorreto do verbo “fazer” indicando tempo decorrido. Como “fazer” é impessoal nesse caso, deve permanecer no singular: “No próximo mês, vai fazer 10 anos...” e não “vão fazer 10 anos”.

Na frase (II), “Provavelmente, vão existir muitas outras experiências...” está correta porque o núcleo do sujeito – “muitas outras experiências” – está no plural, logo o verbo “existir” também fica no plural: “vão existir”.

Na frase (III), temos uma construção em que o sujeito é “as minhas duas filhas” e o uso de “quem” no predicado pede frequentemente a concordância na terceira pessoa do singular: “quem trouxe”. Além disso, a forma “não foram as minhas duas filhas quem trouxe” está adequada na concordância, pois “foram” está concordando com “as minhas duas filhas” e “trouxe” está no singular por causa do pronome “quem”.

Já em (IV), “Admite-se, na nossa família, pessoas muito aventureiras...” deveria empregar o verbo na forma do plural para concordar com “pessoas”: o correto seria “Admitem-se, na nossa família, pessoas muito aventureiras...” por ser uma construção passiva sintética (“Pessoa(s) muito aventureiras são admitidas”). Assim, (IV) contém erro de concordância.

Diante disso, as sentenças corretas quanto à concordância verbal são apenas (II) e (III), o que corresponde à alternativa (D).

Dicas

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Verifique como o verbo deve concordar com o número do sujeito.
Atente a casos especiais de impessoalidade (a exemplo de “fazer” indicando tempo decorrido).

Erros Comuns

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Ignorar que o verbo “fazer” indicando tempo permanece na terceira pessoa do singular.
Não notar a diferença entre a construção passiva sintética (como em “Admitem-se pessoas…”) e o uso direto de “admite-se” (quando não há sujeito plural).
Esquecer o uso da terceira pessoa do singular com “quem” e confundir a concordância com o sujeito que antecede esse pronome.
Revisão

Concordância verbal: consiste em adequar o verbo ao seu sujeito (número e pessoa). Em português, certos verbos estão sujeitos a regras especiais se forem impessoais (como “fazer” indicando tempo ou fenômenos da natureza) ou quando se usa partícula apassivadora (“vendem-se livros”, “admitem-se pessoas”). Além disso, quando há o pronome “quem”, costuma-se usar o verbo na terceira pessoa do singular, ainda que o antecedente esteja no plural.

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