Texto
Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga1 impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba2 de alto clangor3 , lira4 singela,
Que tens o trom5 e o silvo da procela6
E o arrolo7 da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Olavo Bilac. Poesia. Rio de Janeiro, Agir, 1976.p,86.)
1 Resíduo inaproveitável de um minério
2 Instrumento musical de sopro, semelhante à trombeta
3 Som forte, como o da trombeta
4 Instrumento musical de cordas
5 Som de trovão ou de canhão
6 Tempestade marítima
7 Canto para adormecer criança
Assinale a opção cuja análise acerca do poema de Olavo Bilac está correta.
Em todas as estrofes, o eu-lírico faz uma interpelação à Língua Portuguesa.
Há, nos versos, valorização da Língua Portuguesa nativa, em detrimento da Língua Portuguesa utilizada no Brasil.
O poema possui uma estrutura clássica de soneto formada por 2 quartetos, 2 tercetos e redondilhas.
No poema, há rimas ricas como em bela/vela, sepultura/impura e rimas pobres como em aroma/idioma.