TEXTO II
Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
No TEXTO II há expressões anafóricas que contribuem para a coerência textual. São marcas dessa coesão no texto
advérbios de intensidade, modo e tempo que se referem ao “amor”.
pronomes pessoais oblíquos e possessivos, que remetem para o “amor”.
pronomes relativos (“que” e “quem”) cujos referentes são seus antecedentes.
os registros de pronome pessoal de 1ª pessoa (“meu”), de significado anafórico, cujo referente é o “eu” poético.
as formas verbais, todas no futuro, ainda que o tempo não esteja marcado morfologicamente, mas só do ponto de vista semântico.