UECE 2012/2

TEXTO I

 

Um movimento entre a ruptura estética e o valor do passado 

 

[1]  RIO - Falar em modernismo brasileiro é  

mais do que localizar no país tendências  

artísticas de pretensões universais. O brasileiro  

é a marca fundamental pela qual o  

[5] movimento, aqui, se garantiu modernista.  

Pensar no nosso modernismo é pensar no  

folclore do "Macunaíma" (1928) de Mário de  

Andrade e da música de Villa-Lobos; na  

antropofagia de Oswald de Andrade e do  

[10] "Abaporu" (1928) de Tarsila do Amaral,  

retomada pela Tropicália. Antes de tudo isso,  

até hoje o marco do movimento no imaginário  

corrente é a Semana de Arte Moderna de  

1922. Só que naqueles dias 13, 15 e 17 de  

[15] fevereiro de 90 anos atrás, a ideia de  

brasilidade era apenas um borrão. O Brasil  

ainda era sobretudo um país cujo atraso  

deveria ser superado — mesmo que os  

"passadistas" a serem combatidos estivessem  

[20] na plateia do Teatro Municipal de São Paulo,  

representados pela elite cafeeira financiadora  

da programação de artes, música e literatura  

da Semana, no ano do centenário da  

independência. 

[25]  Em "A brasilidade modernista: sua  

dimensão filosófica" — que, publicado  

originalmente em 1978, será reeditado em  

março pela Móbile —, Eduardo Jardim trata de  

dois tempos do modernismo brasileiro.  

[30] Segundo ele, a partir de 1917, havia uma  

preocupação imediatista com a inserção na  

ordem moderna internacional, com uma forte  

ideia de ruptura, norteadora da Semana de  

1922. Já a partir de 1924, molda-se um  

[35] caminho construtivo para essa inserção, o da  

particularidade nacional — e então a tradição  

cultural brasileira passa a ter valor. 

  — No primeiro momento, a oposição de  

modernismo e passadismo é muito clara — 

[40] afirma Jardim. — A discussão era como  

modernizar a produção cultural brasileira pela  

absorção de recursos expressivos modernos.  

Em 1924, já se percebe que essa perspectiva  

não vai funcionar, e que se pode assegurar a  

[45] entrada numa ordem universal por uma  

mediação dos traços nacionais. Esses traços  

perduram ao longo do tempo, como o folclore.  

Isso faz com que a ideia de ruptura seja  

revista. 

[50]  O "primeiro momento" do modernismo — 

que Mário de Andrade, em 1942, chamaria de  

"tempo destruidor" — é contado pelo jornalista  

Marcos Augusto Gonçalves em "1922 — A  

semana que não terminou", que a Companhia  

[55] das Letras lança na próxima sexta, dia 10.  

Numa reportagem de cunho histórico, ele  

explora a rede de relações que culminou na  

Semana, inaugurada com uma exposição de  

artistas como Victor Brecheret, Di Cavalcanti e  

[60] Anita Malfatti. 

  Depois de estudos em Berlim e Nova York,  

Anita abrira em 1917 — ano que Jardim usa  

como início desse primeiro tempo — a primeira  

mostra no país a se autodenominar moderna,  

[65] que entrou para a História pela crítica feroz de  

Monteiro Lobato. O escritor condenou aquela  

"arte caricatural" tipicamente europeia,  

vinculando-a à perturbação mental. Já para  

Oswald, sua pintura causava "impressão de  

[70] originalidade e de diferente visão". Mais do  

que por características próprias, naquele  

momento a obra era moderna sobretudo por  

ser diferente — e essa diferença ainda era, em  

grande medida, representada pelo que se  

[75] criava lá fora. 

  Lobato defendia um caminho próprio para a  

arte brasileira — e o "moderno" era sinônimo  

de estrangeiro. Seu nacionalismo se voltava  

para o mundo rural paulista, representado por  

[80] artistas como Almeida Júnior (1850-1899),  

mas a São Paulo que se projetava na jovem  

República era a cidade industrial, do  

progresso.

http://oglobo.globo.com/cultura/um-movimentoentre-ruptura-estetica-o-valor-do-passado-3873586 

 

Considerando as informações veiculadas pelo texto, atente para as afirmações seguintes:

 

I. A Semana de Arte Moderna foi intrinsecamente contraditória, por receber financiamento dos representantes do passadismo que iria combater.

II. A tentativa de fortalecer a literatura nacional falhou no primeiro momento do Modernismo, cujo objetivo foi trazer para o Brasil tendências universais.

III. Nos três dias da Semana, a ideia de brasilidade diluiu-se no combate aos valores literários do passado.

 

Está correto o que se diz em 

a

I, II e III. 

b

II e III apenas. 

c

I e II apenas. 

d

I e III apenas.

Ver resposta
Ver resposta
Resposta
A
Tempo médio
1 min
Resolução
Assine a AIO para ter acesso a esta e muitas outras resoluções
Mais de 300.000 questões com resoluções e dados exclusivos disponíveis para alunos AIO.
E mais: nota TRI a todo o momento.
Saiba mais
Esta resolução não é pública. Assine a aio para ter acesso a essa resolução e muito mais: Tenha acesso a simulados reduzidos, mais de 200.000 questões, orientação personalizada, video aulas, correção de redações e uma equipe sempre disposta a te ajudar. Tudo isso com acompanhamento TRI em tempo real.
Dicas
expand_more
expand_less
Dicas sobre como resolver essa questão
Erros Comuns
expand_more
expand_less
Alguns erros comuns que estudantes podem cometer ao resolver esta questão
Conceitos chave
Conceitos chave sobre essa questão, que pode te ajudar a resolver questões similares
Estratégia de resolução
Uma estratégia sobre a forma apropriada de se chegar a resposta correta
Transforme seus estudos com a AIO!
Estudantes como você estão acelerando suas aprovações usando nossa plataforma de IA + aprendizado ativo.
+25 pts
Aumento médio TRI
4x
Simulados mais rápidos
+50 mil
Estudantes
Diana Bittencourt
Não conhecia a AIO em 2022, e em 2023 e o que eu posso dizer sem dúvidas é que foi uma das maiores surpresas no mundo dos estudos. Digo isso porque, por conta dos simulados reduzidos, fazer questões e simuladinhos todo dia virou um hábito gostoso e que me trouxe resultados no ENEM surpreendentes!
Mariana Scheffel
AIO foi fundamental para a evolução do meu número de acertos e notas, tanto no ENEM quanto em outros vestibulares, fornecendo os recursos e as ferramentas necessárias para estudar de forma eficaz e melhorar minhas notas.
Jonas de Souza
As correções de redações e as aulas são bem organizadas e é claro os professores são os melhores com a melhor metodologia de ensino, sem dúvidas contribuiu muito para o aumento de 120 pontos na minha média final!
A AIO utiliza cookies para garantir uma melhor experiência. Ver política de privacidade
Aceitar