TEXTO I
TEXTO II
TEXTO III
A arte pode estar, às vezes, muito mais preparada do que a ciência para captar o devir e a fluidez do mundo, pois o artista não quer manipular, mas sim “habitar” as coisas. O famoso artista francês Rodin, no seu livro L’Art (A Arte, 1911), comenta que a técnica de fotografia em série, mostrando todos os momentos do galope de um cavalo em diversos quadros, apesar de seu grande realismo, não é capaz de capturar o movimento. O corpo do animal é fotografado em diferentes posições, mas ele não parece estar galopando: “na imagem científica [fotográfica], o tempo é suspenso bruscamente”.
Para Rodin, um pintor é capaz, em única cena, de nos transmitir a experiência de ver um cavalo de corrida, e isso porque ele representa o animal em um movimento ambíguo, em que os membros traseiros e dianteiros parecem estar em instantes diferentes. Rodin diz que essa exposição talvez seja logicamente inconcebível, mas é paradoxalmente muito mais adequada à maneira como o movimento se dá: “o artista é verdadeiro e a fotografia mentirosa, pois na realidade o tempo não para”.
FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
Observando-se as imagens (Textos I e II), o paradoxo apontado por Rodin (Texto III) procede e cria uma maneira original de perceber a relação entre a arte e a técnica, porque o(a)
fotografia é realista na captação da sensação do movimento.
pintura explora os sentimentos do artista e não tem um caráter científico.
fotógrafo faz um estudo sobre os movimentos e consegue captar a essência da sua representação.
pintor representa de forma equivocada as patas dos cavalos, confundindo nossa noção de realidade.
pintura inverte a lógica comumente aceita de que a fotografia faz um registro objetivo e fidedigno da realidade.
Passo a passo da solução:
Compreender o Texto III (Argumento de Rodin): Leia atentamente o Texto III para entender a perspectiva de Auguste Rodin sobre a representação do movimento. Ele argumenta que a fotografia, apesar de capturar momentos reais com precisão ("realismo"), falha em transmitir a sensação ou experiência do movimento contínuo, pois "o tempo é suspenso bruscamente". Em contraste, a arte (como a pintura) pode usar representações "logicamente inconcebíveis" (ambíguas ou até anatomicamente incorretas) para evocar de forma mais eficaz a percepção do movimento. Para Rodin, nesse aspecto, "o artista é verdadeiro e a fotografia mentirosa".
Analisar o Texto I (Fotografias de Muybridge): Observe a sequência de fotografias. Elas mostram as posições exatas de um cavalo galopando em instantes distintos. Correspondem à descrição de Rodin da técnica fotográfica que congela momentos, sendo cientificamente precisa, mas, segundo ele, sem capturar a fluidez do movimento.
Analisar o Texto II (Pintura de Géricault): Observe a pintura. Os cavalos são retratados em uma pose dinâmica, com as patas estendidas, transmitindo uma forte sensação de velocidade e corrida. Essa representação, embora possa não ser perfeitamente fiel a um instante real do galope (como as fotos de Muybridge posteriormente demonstraram sobre a pose "flying gallop"), busca capturar a essência e a sensação do movimento, alinhando-se à ideia de Rodin sobre a "verdade" artística.
Identificar o Paradoxo: O paradoxo reside na inversão do senso comum. Normalmente, associamos a fotografia à verdade objetiva e a pintura à interpretação subjetiva. Rodin inverte isso no contexto da representação do movimento: a fotografia, objetivamente precisa em cada quadro, seria "mentirosa" por não capturar a sensação de continuidade, enquanto a pintura, potencialmente "imprecisa" nos detalhes instantâneos, seria "verdadeira" por evocar a experiência do movimento.
Avaliar as Alternativas à Luz do Paradoxo e das Imagens:
Revisão de Conceitos:
Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.