ENEM 2018 segunda aplicação

TEXTO I

TEXTO II

TEXTO III

A arte pode estar, às vezes, muito mais preparada do que a ciência para captar o devir e a fluidez do mundo, pois o artista não quer manipular, mas sim “habitar” as coisas. O famoso artista francês Rodin, no seu livro L’Art (A Arte, 1911), comenta que a técnica de fotografia em série, mostrando todos os momentos do galope de um cavalo em diversos quadros, apesar de seu grande realismo, não é capaz de capturar o movimento. O corpo do animal é fotografado em diferentes posições, mas ele não parece estar galopando: “na imagem científica [fotográfica], o tempo é suspenso bruscamente”.

Para Rodin, um pintor é capaz, em única cena, de nos transmitir a experiência de ver um cavalo de corrida, e isso porque ele representa o animal em um movimento ambíguo, em que os membros traseiros e dianteiros parecem estar em instantes diferentes. Rodin diz que essa exposição talvez seja logicamente inconcebível, mas é paradoxalmente muito mais adequada à maneira como o movimento se dá: “o artista é verdadeiro e a fotografia mentirosa, pois na realidade o tempo não para”.

FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

Observando-se as imagens (Textos I e II), o paradoxo apontado por Rodin (Texto III) procede e cria uma maneira original de perceber a relação entre a arte e a técnica, porque o(a)

a

fotografia é realista na captação da sensação do movimento. 

b

pintura explora os sentimentos do artista e não tem um caráter científico. 

c

fotógrafo faz um estudo sobre os movimentos e consegue captar a essência da sua representação. 

d

pintor representa de forma equivocada as patas dos cavalos, confundindo nossa noção de realidade.

e

pintura inverte a lógica comumente aceita de que a fotografia faz um registro objetivo e fidedigno da realidade.

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Resposta
E
Tempo médio
2 min

Resolução

Passo a passo da solução:

  1. Compreender o Texto III (Argumento de Rodin): Leia atentamente o Texto III para entender a perspectiva de Auguste Rodin sobre a representação do movimento. Ele argumenta que a fotografia, apesar de capturar momentos reais com precisão ("realismo"), falha em transmitir a sensação ou experiência do movimento contínuo, pois "o tempo é suspenso bruscamente". Em contraste, a arte (como a pintura) pode usar representações "logicamente inconcebíveis" (ambíguas ou até anatomicamente incorretas) para evocar de forma mais eficaz a percepção do movimento. Para Rodin, nesse aspecto, "o artista é verdadeiro e a fotografia mentirosa".

  2. Analisar o Texto I (Fotografias de Muybridge): Observe a sequência de fotografias. Elas mostram as posições exatas de um cavalo galopando em instantes distintos. Correspondem à descrição de Rodin da técnica fotográfica que congela momentos, sendo cientificamente precisa, mas, segundo ele, sem capturar a fluidez do movimento.

  3. Analisar o Texto II (Pintura de Géricault): Observe a pintura. Os cavalos são retratados em uma pose dinâmica, com as patas estendidas, transmitindo uma forte sensação de velocidade e corrida. Essa representação, embora possa não ser perfeitamente fiel a um instante real do galope (como as fotos de Muybridge posteriormente demonstraram sobre a pose "flying gallop"), busca capturar a essência e a sensação do movimento, alinhando-se à ideia de Rodin sobre a "verdade" artística.

  4. Identificar o Paradoxo: O paradoxo reside na inversão do senso comum. Normalmente, associamos a fotografia à verdade objetiva e a pintura à interpretação subjetiva. Rodin inverte isso no contexto da representação do movimento: a fotografia, objetivamente precisa em cada quadro, seria "mentirosa" por não capturar a sensação de continuidade, enquanto a pintura, potencialmente "imprecisa" nos detalhes instantâneos, seria "verdadeira" por evocar a experiência do movimento.

  5. Avaliar as Alternativas à Luz do Paradoxo e das Imagens:

    • A: Incorreta. Rodin afirma o contrário: a fotografia não capta bem a sensação do movimento.
    • B: Incorreta. Embora a pintura envolva sentimentos, o foco de Rodin aqui é a capacidade da pintura de representar o movimento de forma mais eficaz perceptualemente, não apenas por explorar sentimentos ou por não ser científica.
    • C: Incorreta. Rodin argumenta que o fotógrafo, ao congelar o tempo, não consegue captar a essência da representação do movimento como experiência.
    • D: Incorreta. Embora a representação possa ser "equivocada" cientificamente, Rodin não a vê como algo que confunde a realidade, mas como uma forma artística de transmitir a verdade da sensação do movimento.
    • E: Correta. Esta alternativa descreve perfeitamente o paradoxo de Rodin. A pintura, através de sua representação (Texto II), consegue transmitir a sensação de movimento de forma mais convincente (segundo Rodin) do que a sequência fotográfica objetiva (Texto I), invertendo a ideia de que a fotografia é sempre o registro mais fidedigno da realidade, especialmente no que diz respeito à percepção do movimento.

Dicas

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Releia o último parágrafo do Texto III, focando na oposição que Rodin estabelece entre a 'verdade' do artista e a 'mentira' da fotografia no contexto do movimento.
Pense sobre a sua própria percepção: a sequência de fotos estáticas (Texto I) lhe dá a mesma sensação de movimento que a pintura dinâmica (Texto II)?
O que significa 'inverter a lógica comumente aceita' no contexto da fotografia como registro da realidade?

Erros Comuns

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Acreditar que a precisão técnica da fotografia (Texto I) automaticamente significa uma melhor representação da *sensação* de movimento, ignorando o argumento de Rodin.
Interpretar a crítica de Rodin à fotografia como uma negação total de seu valor, em vez de uma crítica específica à sua capacidade de representar a fluidez do movimento.
Considerar a pintura (Texto II) como simplesmente "errada" ou "irrealista" por não corresponder às posições exatas mostradas nas fotografias, sem entender o ponto de Rodin sobre a "verdade artística" na representação da experiência.
Focar excessivamente nos "sentimentos do artista" (opção B) em vez de na questão específica da representação do movimento.
Não compreender o significado de "paradoxo" no contexto da questão – a inversão da expectativa sobre qual meio (arte ou fotografia) é mais "verdadeiro" para representar o movimento.
Revisão

Revisão de Conceitos:

  • Representação do Movimento: A questão aborda como diferentes formas de arte e tecnologia (pintura e fotografia) tentam representar o fenômeno do movimento.
  • Realismo vs. Percepção: Discute-se a diferença entre o realismo técnico (capturar com precisão um instante, como na fotografia de Muybridge) e a capacidade de evocar a percepção ou sensação de um fenômeno (como a sensação de velocidade na pintura de Géricault, segundo a visão de Rodin).
  • Filosofia da Arte (Rodin): Apresenta a visão de Auguste Rodin de que a arte pode ser mais "verdadeira" que a técnica fotográfica ao capturar a essência de certas experiências, como o movimento, mesmo que não seja cientificamente precisa. Ele valoriza a capacidade da arte de "habitar" as coisas e transmitir a fluidez do mundo, em contraste com a fotografia que "suspende bruscamente" o tempo.
  • Paradoxo: Situação ou declaração que parece contraditória ou contrária ao senso comum, mas que pode conter uma verdade subjacente. No caso, a "mentira" (imprecisão) da arte seria mais "verdadeira" (eficaz na representação da sensação) do que a "verdade" (precisão) da fotografia para representar o movimento.
Habilidade

Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.

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