Texto I
“Os policiais, vendo que ela não se despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se num ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.”
Azevedo, Aluísio. O cortiço – 5. ed. – São Paulo: Editora Moderna, 2015. p.274.
Texto II
“A lâmina de Nhô Augusto talhara de baixo para cima, do púbis à boca-do-estômago, e um mundo de cobras sangrentas saltou para o ar livre, enquanto seu Joãozinho Bem-Bem caía ajoelhado, recolhendo seus recheios nas mãos.”
Rosa, João Guimarães. Sagarana. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 411.
Analise o que se afirma a seguir e assinale o que for correto, tendo em mente os excertos lidos em consonância com o enredo na íntegra das obras O cortiço e Sagarana, bem como as características dos respectivos autores.
Os fatos que antecedem os dois momentos acima descritos são, respectivamente, a denúncia do paradeiro de Bertoleza a seu antigo dono e uma discussão entre Joãozinho Bem-Bem e Augusto Matraga pela chefia do bando de jagunços.
O registro desnudo e desapaixonado das mortes de Bertoleza e de Joãozinho Bem-Bem por meio de cenas repugnantes é uma característica do Naturalismo, embora só a primeira obra pertença, efetivamente, a essa estética.
Bertleza escolhe o suicídio para não voltar ao cativeiro, mas ignora que João Romão a entregara aos antigos donos, com auxílio de Libório, o velho mesquinho que morava no cortiço e ajudava o português em suas tramoias.
Na sequência da morte de Joãozinho Bem-Bem, Augusto Matraga é socorrido pelos habitantes do vilarejo e, apesar da determinação inicial, assume a chefia do bando de jagunços e volta para a antiga vida que tinha antes da surra.
Após presenciar a morte da ex-amante e serviçal, João Romão se dá conta do que fizera e procura uma comissão de abolicionistas a fim de dar uma enorme contribuição em dinheiro como forma de acalmar a própria consciência.