ENEM 2014

TEXTO I

Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós mesmos na crença de que não é o debate o empecilho à ação, e sim o fato de que não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação.

 

TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado)

 

TEXTO II

Um cidadão pode ser definido por nada mais nada menos que pelo direito de administrar a justiça e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos e tempo prefixados.

 

ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.

 

Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.) quando para Aristóteles (no século IV a.C.) a cidadania era definida pelo (a)

a

prestígio social.

b

acúmulo de riqueza.

c

participação política.

d

local de nascimento.

e

grupo de parentesco.

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Resposta
C
Tempo médio
1 min

Resolução

A questão pede para identificar o elemento comum que define a cidadania segundo os textos de Tucídides (século V a.C.) e Aristóteles (século IV a.C.). Para isso, devemos analisar o que cada texto diz sobre o cidadão.

Análise do Texto I (Tucídides):

  • Descreve a visão ateniense sobre o envolvimento na vida pública.
  • Considera o homem que não participa das atividades públicas ("alheio às atividades públicas") como "inútil", não apenas alguém que cuida dos próprios interesses.
  • Enfatiza a importância do debate ("não é o debate o empecilho à ação, e sim o fato de que não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação").
  • Afirma que os cidadãos atenienses "decidimos as questões públicas por nós mesmos".
  • Conclusão do Texto I: A cidadania está intrinsecamente ligada à participação ativa na vida pública, incluindo o debate e a tomada de decisões sobre questões coletivas.

Análise do Texto II (Aristóteles):

  • Define o cidadão "pelo direito de administrar a justiça e exercer funções públicas".
  • Menciona que o exercício dessas funções pode ser limitado no tempo ("limitadas quanto ao tempo de exercício", "não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos e tempo prefixados").
  • Conclusão do Texto II: A cidadania é definida pelo direito e pela prática de exercer funções no âmbito público e judiciário do Estado.

Comparação e Conclusão Final:

Ambos os textos, apesar de usarem termos ligeiramente diferentes, apontam para a mesma essência da cidadania na Grécia Clássica (especialmente Atenas): o envolvimento ativo na esfera pública.

  • Tucídides foca na deliberação e decisão coletiva.
  • Aristóteles foca no exercício de funções públicas e judiciais.

Ambos os aspectos são formas de participação política. O cidadão não é definido por sua origem, riqueza ou status social isoladamente, mas por seu papel ativo na condução da pólis (cidade-estado).

Portanto, o elemento comum que define a cidadania para ambos os autores é a participação política.

Analisando as opções:

  • A (prestígio social): Embora a participação pudesse gerar prestígio, não é a definição principal em nenhum dos textos.
  • B (acúmulo de riqueza): A riqueza não é mencionada como critério definidor de cidadania nesses trechos.
  • C (participação política): Corresponde diretamente ao enfatizado por Tucídides (debate, decisão) e Aristóteles (exercício de funções públicas e justiça). Esta é a resposta correta.
  • D (local de nascimento): Embora ser nascido em Atenas de pais atenienses fosse um pré-requisito para a cidadania em muitos períodos, os textos definem o cidadão por sua função/atividade, não por sua origem.
  • E (grupo de parentesco): Assim como o local de nascimento, o parentesco era relevante para determinar quem *poderia* ser cidadão, mas não definia a cidadania em si segundo a perspectiva funcional apresentada nos textos.

Dicas

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O que Tucídides considera um "inútil"?
Qual é a definição explícita de cidadão dada por Aristóteles?
Qual atividade ou direito é comum às descrições de ambos os autores?

Erros Comuns

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Confundir os pré-requisitos para ser cidadão (como nascimento ou parentesco) com a definição da cidadania em termos de função e participação, que é o foco dos textos.
Interpretar a menção de Tucídides ao "homem alheio às atividades públicas" como uma questão de status ou prestígio, em vez de uma crítica à falta de participação.
Não perceber que "administrar a justiça e exercer funções públicas" (Aristóteles) e "decidir as questões públicas" e debater (Tucídides) são ambas formas de participação política.
Focar apenas em um dos textos e não encontrar o elemento comum a ambos.
Associar a cidadania antiga a conceitos modernos, como direitos individuais passivos, em vez do foco clássico na participação ativa.
Revisão

A cidadania na Grécia Antiga, especialmente em Atenas durante os séculos V e IV a.C., era um conceito distinto do moderno. Era baseada na ideia de participação direta na vida da pólis (cidade-estado). Ser cidadão significava ter o direito e, em muitos casos, o dever de participar das assembleias, votar, ocupar cargos públicos (muitas vezes por sorteio ou eleição) e servir no exército ou na marinha.

Características principais:

  • Restrita: Excluía mulheres, escravos, estrangeiros (metecos) e, em geral, aqueles que não eram filhos de pais cidadãos.
  • Ativa: Não era apenas um status legal, mas implicava um envolvimento ativo nos assuntos públicos. Tucídides, em sua Oração Fúnebre de Péricles (de onde o Texto I é extraído), exalta essa participação.
  • Política e Jurídica: Como Aristóteles (Texto II) aponta, envolvia tanto a participação na administração (funções públicas) quanto na justiça.

Compreender essa concepção de cidadania como participação ativa na comunidade política é fundamental para interpretar os textos clássicos sobre o tema.

66%
Taxa de acerto
19.8
Média de pontos TRI
Habilidade

Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.

Porcentagem de alternativa escolhida por nota TRI
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