EPCAR 2016

TEXTO I

 

O BOM HUMOR FAZ BEM PARA SAÚDE

O bom humor é, antes de tudo, a expressão de que o corpo está bem

Por Fábio Peixoto

 

[1] “Procure ver o lado bom das coisas ruins.” Essa

frase poderia estar em qualquer livro de auto-ajuda ou

parecer um conselho bobo de um mestre de artes

marciais saído de algum filme ruim. Mas, segundo os

[5] especialistas que estudam o humor a sério, trata-se do

maior segredo para viver bem.

(...)

O bom humor é, antes de tudo, a expressão de

que o corpo está bem. Ele depende de fatores físicos e

[10] culturais e varia de acordo com a personalidade e a

formação de cada um. Mas, mesmo sendo o resultado

de uma combinação de ingredientes, pode ser ajudado

com uma visão otimista do mundo. “Um indivíduo bemhumorado

sofre menos porque produz mais endorfina,

[15] um hormônio que relaxa”, diz o clínico geral Antônio

Carlos Lopes, da Universidade Federal de São Paulo.

Mais do que isso: a endorfina aumenta a tendência de

ter bom humor. Ou seja, quanto mais bem-humorado

você está, maior o seu bem-estar e, consequentemente,

[20] mais bem-humorado você fica. Eis aqui um círculo

virtuoso, que Lopes prefere chamar de “feedback

positivo”. A endorfina também controla a pressão

sanguínea, melhora o sono e o desempenho sexual.

(Agora você se interessou, né?)

[25] Mas, mesmo que não houvesse tantos

benefícios no bom humor, os efeitos do mau humor

sobre o corpo já seriam suficientes para justificar uma

busca incessante de motivos para ficar feliz. Novamente

Lopes explica por quê: “O indivíduo mal-humorado fica

[30] angustiado, o que provoca a liberação no corpo de

hormônios como a adrenalina. Isso causa palpitação,

arritmia cardíaca, mãos frias, dor de cabeça, dificuldades

na digestão e irritabilidade”. A vítima acaba maltratando

os outros porque não está bem, sente-se culpada e fica

[35] com um humor pior ainda. Essa situação pode ser

desencadeada por pequenas tragédias cotidianas –

como um trabalho inacabado ou uma conta para pagar -,

que só são trágicas porque as encaramos desse modo.

Evidentemente, nem sempre dá para achar

[40] graça em tudo. Há situações em que a tristeza é

inevitável – e é bom que seja assim. “Você precisa de

tristeza e de alegria para ter um convívio social

adequado”, diz o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital

das Clínicas de São Paulo. “A alegria favorece a

[45] integração e a tristeza propicia a introspecção e o

amadurecimento.” Temos de saber lidar com a flutuação

entre esses estágios, que é necessária e faz parte da

natureza humana.

O humor pode variar da depressão (o extremo

[50] da tristeza) até a mania (o máximo da euforia). Esses

dois estados são manifestações de doenças e devem

ser tratados com a ajuda de psiquiatras e remédios que

regulam a produção de substâncias no cérebro. Uma em

cada quatro pessoas tem, durante a vida, pelo menos

[55] um caso de depressão que mereceria tratamento

psiquiátrico.

Enquanto as consequências deletérias do mau

humor são estudadas há décadas, não faz muito tempo

que a comunidade científica passou a pesquisar os

[60] efeitos benéficos do bom humor. O interesse no assunto

surgiu há vinte anos, quando o editor norte-americano

Norman Cousins publicou o livro Anatomia de uma

Doença, contando um impressionante caso de cura pelo

riso. Nos anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa

[65] que ataca a coluna vertebral, chamada espondilite

ancilosa, e sua chance de sobreviver era de apenas uma

em quinhentas.

Em vez de ficar no hospital esperando para

virar estatística, ele resolveu sair e se hospedar num

[70] hotel das redondezas, com autorização dos médicos.

Sob os atentos olhos de uma enfermeira, com quase

todo o corpo paralisado, Cousins reunia os amigos para

assistir a programas de “pegadinhas” e seriados cômicos

na TV. Gradualmente foi se recuperando até poder voltar

[75] a viver e a trabalhar normalmente. Cousins morreu em

1990, aos 75 anos. Se Cousins saiu do hospital em

busca do humor, hoje há muitos profissionais de saúde

que defendem a entrada das risadas no dia a dia dos

pacientes internados.

[80] Uma boa gargalhada é um método ótimo de

relaxamento muscular. Isso ocorre porque os músculos

não envolvidos no riso tendem a se soltar – está aí a

explicação para quando as pernas ficam bambas de

tanto rir ou para quando a bexiga se esvazia

[85] inadvertidamente depois daquela piada genial. Quando a

risada acaba, o que surge é uma calmaria geral. Além

disso, se é certo que a tristeza abala o sistema

imunológico, sabe-se também que a endorfina, liberada

durante o riso, melhora a circulação e a eficácia das

[90] defesas do organismo. A alegria também aumenta a

capacidade de resistir à dor, graças também à endorfina.

Evidências como essa fundamentam o trabalho

dos Doutores da Alegria, que já visitaram 170.000

crianças em hospitais. As invasões de quartos e UTIs

[95] feitas por 25 atores vestidos de “palhaços-médicos” não

apenas aceleram a recuperação das crianças, mas

motivam os médicos e os pais. A psicóloga Morgana

Masetti acompanha os Doutores há sete anos. “É

evidente que o trabalho diminui a medicação para os

[100] pacientes”, diz ela.

O princípio que torna os Doutores da Alegria

engraçados tem a ver com a flexibilidade de

pensamento defendida pelos especialistas em humor –

aquela ideia de ver as coisas pelo lado bom. “O clown

[105] não segue a lógica à qual estamos acostumados”, diz

Morgana. “Ele pode passar por um balcão de

enfermagem e pedir uma pizza ou multar as macas por

excesso de velocidade.” Para se tornar um membro dos

Doutores da Alegria, o ator passa num curioso teste de

[110] autoconhecimento: reconhece o que há de ridículo em si

mesmo e ri disso. “Um clown não tem medo de errar –

pelo contrário, ele se diverte com isso”, diz Morgana.

Nem é preciso mencionar quanto mais de saúde haveria

no mundo se todos aprendêssemos a fazer o mesmo.

(super.abril.com.br/saúde/bom-humor-faz-bem-saude-441550.shtml - acesso em 11 de abril de 2015, às 11h.)

Assinale a alternativa que associa corretamente o trecho do texto à função da linguagem em predominância.

a

“Procure ver o lado bom das coisas ruins.” – (Função Emotiva)

b

“Um indivíduo bem-humorado sofre menos porque produz mais endorfina...” – (Função Conativa)

c

“Agora você se interessou, né?” – (Função Fática)

d

“Nos anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa que ataca a coluna vertebral ...” – (Função Expressiva)

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Resposta
C
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