FMP 2018

Texto I

 

Limites da manipulação genética

 

  Nos últimos anos, a possibilidade de manipu-

lação genética de seres humanos se tornou tecni-

camente real, o que levou à publicação de vários

manifestos da comunidade científica internacional  

[5] contra o uso da técnica em embriões, óvulos e es-

permatozoides humanos. Não aceitamos alterações 

genéticas que possam ser transmitidas às próximas  

gerações. Apesar disso, cientistas chineses publica-

ram um trabalho descrevendo a criação de embriões  

[10] humanos geneticamente modificados! Abrimos a  

Caixa de Pandora? 

  Ainda não. Os pesquisadores chineses só testa-

ram o quão segura a técnica é de fato em embriões 

humanos — afinal, se um dia pudéssemos, por exem-

[15] plo, corrigir a mutação no gene do câncer de mama, 

interromperíamos a herança genética familiar e os fi-

lhos não correriam o risco de herdar a doença.

  Se temos algo a ganhar com a técnica, não vale  

a pena testá-la? Sim, mas existe uma linha muito tê-

[20] nue entre ousadia e irresponsabilidade, e o desen-

volvimento científico não pode cruzá-la. Assim, para 

ficar do lado de cá dessa fronteira, foram usados

embriões defeituosos de fertilização in vitro. Neles fo-

ram injetadas pequenas moléculas construídas para 

[25] consertar um gene que, quando “mutado”, causa uma  

forma grave de anemia. Dos 54 embriões analisados,  

somente quatro tinham o gene corrigido... Além disso,  

eles também tinham alterações genéticas em outros  

locais não planejados do genoma — ou seja, a tal  

[30] molécula muitas vezes erra o seu alvo... 

  Em resumo, o trabalho demonstrou que a técnica  

de edição de genoma é ineficiente e insegura para se  

utilizar em embriões humanos — exatamente o que  

a comunidade científica previa e questionava, com o  

[35] objetivo de que esse procedimento não fosse feito em  

embriões humanos. 

  O que não significa que as pesquisas nesse sen-

tido devam ser interrompidas. Se tivéssemos proibi-

do as pesquisas em transplante cardíaco em 1968, 

[40] quando 80% dos pacientes transplantados morriam,  

nunca teríamos tornado esse procedimento uma re-

alidade que hoje em dia salva muitas vidas. Cien-

tistas seguirão aprimorando a técnica para torná-la  

mais eficiente e segura. Porém, essas pesquisas de-

[45] vem ser conduzidas de forma absolutamente ética 

— aliás, todas as pesquisas devem ser conduzidas  

assim; mas, quando envolvem embriões humanos,  

mais ainda. 

  E enquanto nós, cientistas, resolvemos os as-

[50] pectos técnicos, conclamamos legistas, psicólogos,

sociólogos e a população em geral para discutir as  

vantagens e os riscos de usar a tecnologia de edição  

do genoma em seres humanos. Para pesquisar ou  

para evitar doenças como câncer e Alzheimer? Sim.  

[55] E para que o bebê nasça com olhos azuis, mais inte-

ligente, mais alto? Não. Em que situações permitire-

mos sua aplicação?

  Um cenário que, há 15 anos, era ficção científica  

agora é tão real que devemos discuti-lo urgentemen-

[60] te. No Brasil, já estamos precavidos: a Lei de Bios-

segurança de 2005 proíbe “engenharia genética em 

célula germinal humana, zigoto humano e embrião  

humano”. Talvez um dia tenhamos que rever o texto  

para considerar casos específicos em que essa en-

[65] genharia genética possa ser feita. Mas, por enquanto, 

estamos protegidos — que orgulho! 

PEREIRA, L. O Globo. Opinião. 12 maio 2015. Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2017. Adaptado.

 

A frase que resume a tese defendida no Texto I é

a

As pesquisas para aprimorar a manipulação genética devem ser conduzidas de forma absolutamente ética, de modo a tornar a técnica mais eficiente e segura. 

b

As iniciativas em tecnologia de manipulação genética devem ser caracterizadas pela ousadia porque são muitas as barreiras que se apresentam aos cientistas. 

c

A Lei de Biossegurança brasileira já deve ser revista para incorporar situações em que a engenharia genética possa ser utilizada sem riscos aos pacientes. 

d

A possibilidade de impedir doenças relacionadas à transmissão genética justifica eticamente os procedimentos de manipulação de embriões humanos. 

e

A tecnologia de edição do genoma em seres humanos já deveria ter sido permitida para programar traços físicos e psicológicos de crianças.

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A
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