TEXTO I
Embora eles, artistas modernos, se deem como novos precursores duma arte a ir, nada é mais velho que a arte anormal. De há muitos já que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios. Essas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti. Sejam sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural.
LOBATO, M. Paranoia ou mistificação: a propósito da exposição de Anita Malfatti. O Estado de São Paulo.
TEXTO II
Anita Malfatti, possuidora de uma alta consciência do que faz, a vibrante artista não temeu levantar com os seus cinquenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes hostilidades. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas exposições de pintura. Na arte, a realidade na ilusão é o que todos procuram. E os naturalistas mais perfeitos são os que melhor conseguem iludir.
ANDRADE, O. A exposição Anita Malfatti. Jornal do Commercio, 11 jan. 1918 (adaptado).
TEXTO III
A análise dos documentos apresentados demonstra que o cenário artístico brasileiro no primeiro quartel do século XX era caracterizado pelo(a)
domínio do academicismo, que dificultava a recepção da vertente realista na obra de Anita Malfatti.
dissonância entre as vertentes artísticas, que divergiam sobre a validade do modelo estético europeu,
exaltação da beleza e da rigidez da forma, que justificavam a adaptação da estética europeira à realidade brasileira.
impacto de novas linguagens estéticas, que alteravam o conceito de arte e abasteciam a busca por um produção artística nacional.
influência dos movimentos artísticos europeus de vanguarda, que levava os modernistas a copiarem suas técnicas e temáticas.
A questão aborda o cenário artístico brasileiro no início do século XX, refletindo sobre as reações e críticas aos novos movimentos estéticos representados por artistas como Anita Malfatti. O Texto I de Monteiro Lobato apresenta uma visão crítica ao modernismo, enquanto o Texto II, de Oswald de Andrade, apoia a inovação e a ruptura com o tradicional. A resposta correta deve identificar essa tensão e reconhecimento de novas linguagens estéticas.
Considere o impacto das vanguardas europeias e como os artistas brasileiros buscavam criar uma arte com identidade nacional própria.
Pense sobre a reação do público e dos críticos da época frente às novas abordagens artísticas apresentadas por Anita Malfatti.
Reflita sobre os conceitos de arte moderna e a busca por uma expressão que refletisse a realidade brasileira.
Não considerar a busca por uma identidade nacional nas novas linguagens artísticas.
Confundir a crítica ao modernismo com uma rejeição total das novas correntes artísticas.
Ignorar o contexto de ruptura com o academicismo e a influência europeia.
No início do século XX, o Brasil vivenciou um período de intensas transformações artísticas com a chegada de movimentos modernistas que romperam com os padrões acadêmicos. A Semana de Arte Moderna de 1922 é frequentemente citada como o marco desse movimento, que propunha uma arte mais alinhada com a realidade e identidade brasileira, em contraste com a arte acadêmica e a influência europeia tradicional.