FMP 2020

Texto

 

Ferramentas da mente

 

    Toda tecnologia é uma expressão da vontade
humana. Através de nossas ferramentas, procuramos
expandir nosso poder e nosso controle sobre as cir-

cunstâncias — sobre a natureza, sobre o tempo e a
[5] distância, sobre o outro.

    Nossas tecnologias podem ser classificadas
conforme o modo como suplementam ou amplificam
nossas capacidades naturais. Um primeiro conjunto,
que inclui o arado, a agulha de costura e o caça a
[10] jato, estende a força física, a destreza ou a resiliên-

cia das pessoas. Um segundo conjunto, que inclui o
microscópio e o amplificador, estende a faixa ou a
sensibilidade dos nossos sentidos. Um terceiro gru-

po, abarcando tecnologias tais como o reservatório,
[15]a pílula anticoncepcional e o milho geneticamente
modificado, permite-nos remodelar a natureza para
servir melhor a nossas necessidades ou desejos. O
mapa e o relógio pertencem à quarta categoria, que
seria mais bem descrita como a das “tecnologias inte-

[20] lectuais”. Estas incluem todas as ferramentas que 

usamos para estender ou dar suporte aos nossos
poderes mentais — encontrar e classificar infor-

mação, formular e articular ideias, partilhar know-how
e experiência, fazer medidas e realizar cálculos, ex

[25] pandir a capacidade da nossa memória. A máquina
de escrever é uma tecnologia intelectual e, do mesmo
modo, a régua de cálculo, o globo, o livro e o jornal, a
escola e a biblioteca, o computador e a internet. Embora
o uso de qualquer tipo de ferramenta possa influenciar
[30] nossos pensamentos e nossas perspectivas — o arado
mudou a visão do fazendeiro, o microscópio abriu no-

vos mundos de exploração mental para o cientista —,
são as tecnologias intelectuais que têm o maior e mais
duradouro poder sobre como pensamos.
[35]     O que o mapa fez com o espaço — traduzir um
fenômeno natural em uma conceitualização artificial
e intelectual daquele fenômeno — o relógio mecâ-

nico, outra tecnologia, fez com o tempo. Durante a
maior parte da história humana, as pessoas experi-

[40] mentaram o tempo como um fluxo contínuo, cíclico.
Por conseguinte, sua “marcação” era realizada por
instrumentos que enfatizavam seu processo natural:
relógios de sol nos quais as sombras giravam, am-

pulhetas nas quais a areia caía, clepsidras nas quais a
[45] água escorria. Não havia uma necessidade particular
de medir o tempo com precisão ou dividir um dia em
seus pequenos pedaços. Para a maioria das pesso-

as, as estrelas forneciam os únicos relógios de que
precisavam. 

[50]     A necessidade de um maior rigor da programa-

ção e da sincronização no trabalho, no transporte e
no lazer forneceu o impulso para um rápido progress-

o da tecnologia do relógio. Agora, o tempo teria que
ser o mesmo em toda parte para não prejudicar o co-

[55] mércio e a indústria. Unidades de tempo se tornaram
padronizadas — segundos, minutos, horas — e os
mecanismos do relógio sofreram um ajuste fino para
medirem essas unidades com precisão muito maior.

    O relógio mecânico mudou o modo como ve-

[60] mos a nós mesmos. E, como o mapa, mudou o modo
como pensamos. O mapa e o relógio partilham uma
ética semelhante uma vez que ambos colocaram
uma nova ênfase na mensuração e na abstração,
na percepção e na definição de formas e processos
[65] além daqueles aparentes aos sentidos.

    As recentes descobertas da neuroplasticidade
tornam mais visível a essência do intelecto, e mais fá-

ceis de assinalar seus passos e suas fronteiras. Elas
nos dizem que as ferramentas que o homem usou
[70] para apoiar ou estender seu sistema nervoso mode-

laram a estrutura física e o funcionamento do cérebro
humano. Seu uso fortaleceu alguns circuitos neurais
e enfraqueceu outros, reforçou certos traços mentais
enquanto deixou esmaecer outros. A neuroplasticida-

[75] de fornece o elo perdido para compreendermos como
os meios informacionais e outras tecnologias intelec-

tuais exerceram sua influência sobre o desenvolvi-

mento da civilização e ajudaram a guiar, em um nível
biológico, a história da consciência humana.

CARR, Nicholas. A geração superficial: o que a internet está fazendo com as nossas mentes. Tradução: Mônica Gagliotti Fortunato Friaça. Rio de Janeiro: Agir. 2011. p. 69-75. Adaptado.

No Texto, a relação lógica estabelecida pelo termo ou pela expressão em destaque está indicada adequadamente, entre colchetes, em:

a

“Nossas tecnologias podem ser classificadas conforme o modo como suplementam ou amplificam as nossas capacidades naturais” (ℓ. 6-8) [comparação]

b

Por conseguinte, sua ‘marcação’ era realizada por instrumentos que enfatizavam seu processo natural” (ℓ.41-42) [conclusão]

c

“O mapa e o relógio partilham uma ética semelhante uma vez que ambos colocaram uma nova ênfase na mensuração e na abstração” (ℓ. 61-63) [proporção]

d

Embora o uso de qualquer tipo de ferramenta possa influenciar nossos pensamentos e perspectivas[...] são as tecnologias intelectuais que têm o maior e mais duradouro poder sobre como pensamos” (ℓ. 28-34) [condição]

e

“Agora, o tempo teria que ser o mesmo em toda parte para não prejudicar o comércio e a indústria” (ℓ. 53-55) [causa]

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B
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