TEXTO
Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram denunciados como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram, mandei executá-los, pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível deveriam ser punidas. Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos que devem ser enviados a Roma.
Correspondência de Plínio, governador de Bitínia, província romana situada na Ásia Menor, ao imperador Trajano. Cerca do ano 111 d.C. Disponível em: www.veritatis.com.br (adaptado). Acesso em: 17 jun. 2015 .
TEXTO
É nossa vontade que todos os povos regidos pela nossa administração pratiquem a religião que o apóstolo Pedro transmitiu aos romanos. Ordenamos que todas aquelas pessoas que seguem esta norma tomem o nome de cristãos católicos. Porém, o resto, os quais consideramos dementes e insensatos, assumirão a infâmia da heresia, os lugares de suas reuniões não receberão o nome de igrejas e serão castigados em primeiro lugar pela divina vingança e, depois, também pela nossa própria iniciativa.
Édito de Tessalônica, ano 380 d.C. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
Nos textos, a postura do Império Romano diante do cristianismo é retratada em dois momentos distintos.
Em que pesem as diferentes épocas, é destacada a permanência da seguinte prática:
ausência de liberdade religiosa.
sacralização dos locais de culto.
reconhecimento do direito divino.
formação de tribunais eclesiásticos.
subordinação do poder governamental.
A questão pede para identificar uma prática que permaneceu no Império Romano em relação ao cristianismo, apesar das diferentes épocas retratadas nos dois textos.
Análise do Texto 1 (Plínio, ~111 d.C.):
Análise do Texto 2 (Édito de Tessalônica, 380 d.C.):
Comparação e Conclusão:
Em ambos os momentos, apesar da mudança radical na posição do cristianismo (de religião perseguida para religião oficial), o Império Romano manteve uma postura de controle sobre a religião e impôs uma norma religiosa aos seus súditos, punindo aqueles que não a seguiam.
Portanto, a prática que permaneceu foi a ausência de liberdade religiosa, onde o Estado determinava a prática religiosa aceitável e perseguia os dissidentes.
A alternativa correta é a A.
Liberdade Religiosa: É o princípio que garante a liberdade de um indivíduo ou comunidade, em público ou em privado, de manifestar a sua religião ou crença, no ensino, na prática, no culto e na observância, sujeito apenas às limitações prescritas por lei e que se justifiquem pela protecção da ordem, saúde ou moral públicas, ou dos direitos e liberdades fundamentais de outrem.
Império Romano e Religião: Inicialmente, o Império Romano era politeísta e geralmente tolerante com as religiões dos povos conquistados, desde que não entrassem em conflito com a ordem pública ou o culto imperial (visto como uma expressão de lealdade). O cristianismo, por ser monoteísta e recusar o culto a outros deuses e ao imperador, foi frequentemente visto como uma ameaça e alvo de perseguições (como descrito no Texto 1).
Édito de Milão (313 d.C.): Concedeu liberdade de culto no Império Romano, incluindo aos cristãos.
Édito de Tessalônica (380 d.C.): Foi um passo além, tornando o Cristianismo Niceno a religião oficial e única do Estado, marcando o fim da política de tolerância religiosa do Édito de Milão e iniciando a perseguição a pagãos e cristãos não-nicenos (hereges), como descrito no Texto 2.
Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.