ENEM 2017 libras

TEXTO


    Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram denunciados como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram, mandei executá-los, pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível deveriam ser punidas. Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos que devem ser enviados a Roma.

Correspondência de Plínio, governador de Bitínia, província romana situada na Ásia Menor, ao imperador Trajano. Cerca do ano 111 d.C. Disponível em: www.veritatis.com.br (adaptado). Acesso em: 17 jun. 2015 .

 

TEXTO 


    É nossa vontade que todos os povos regidos pela nossa administração pratiquem a religião que o apóstolo Pedro transmitiu aos romanos. Ordenamos que todas aquelas pessoas que seguem esta norma tomem o nome de cristãos católicos. Porém, o resto, os quais consideramos dementes e insensatos, assumirão a infâmia da heresia, os lugares de suas reuniões não receberão o nome de igrejas e serão castigados em primeiro lugar pela divina vingança e, depois, também pela nossa própria iniciativa.

Édito de Tessalônica, ano 380 d.C. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.

 

Nos textos, a postura do Império Romano diante do cristianismo é retratada em dois momentos distintos.

 

Em que pesem as diferentes épocas, é destacada a permanência da seguinte prática:

a

ausência de liberdade religiosa.

b

sacralização dos locais de culto.

c

reconhecimento do direito divino.

d

formação de tribunais eclesiásticos.

e

subordinação do poder governamental.

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Resposta
A
Tempo médio
1 min

Resolução

A questão pede para identificar uma prática que permaneceu no Império Romano em relação ao cristianismo, apesar das diferentes épocas retratadas nos dois textos.

Análise do Texto 1 (Plínio, ~111 d.C.):

  • O governador Plínio descreve a perseguição aos cristãos.
  • Ele interroga, ameaça e executa aqueles que persistem em se identificar como cristãos.
  • A justificativa para a punição é a "teimosia e a obstinação inflexível", ou seja, a recusa em abandonar a fé cristã e, implicitamente, aderir às práticas religiosas romanas ou ao culto imperial.
  • Isso demonstra claramente uma política de intolerância religiosa e perseguição por parte do Estado romano contra os cristãos. Os indivíduos não tinham liberdade para praticar sua fé.

Análise do Texto 2 (Édito de Tessalônica, 380 d.C.):

  • Este édito, emitido pelos imperadores Teodósio I, Graciano e Valentiniano II, estabelece o cristianismo niceno (descrito como a fé transmitida pelo apóstolo Pedro aos romanos) como a religião oficial e obrigatória do Império.
  • Aqueles que seguem essa norma são chamados de "cristãos católicos".
  • Todos os outros (cristãos de outras vertentes, pagãos, etc.) são considerados "dementes e insensatos", "hereges", e são ameaçados com punição divina e estatal. Seus locais de reunião não são reconhecidos como igrejas.
  • Embora o cristianismo agora seja a religião favorecida, o Estado continua a impor uma visão religiosa e a punir aqueles que divergem. Não há liberdade para praticar outras religiões ou mesmo outras formas de cristianismo.

Comparação e Conclusão:

Em ambos os momentos, apesar da mudança radical na posição do cristianismo (de religião perseguida para religião oficial), o Império Romano manteve uma postura de controle sobre a religião e impôs uma norma religiosa aos seus súditos, punindo aqueles que não a seguiam.

  • No primeiro texto, a norma era a religião romana tradicional (ou pelo menos a lealdade ao imperador expressa através dela), e os cristãos eram punidos por não segui-la.
  • No segundo texto, a norma era o cristianismo católico, e os não-católicos (hereges) eram punidos por não segui-la.

Portanto, a prática que permaneceu foi a ausência de liberdade religiosa, onde o Estado determinava a prática religiosa aceitável e perseguia os dissidentes.

A alternativa correta é a A.

Dicas

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Compare a ação do Estado romano em relação aos cristãos no primeiro texto com a ação do Estado em relação aos não-católicos no segundo texto.
Em ambos os casos, o indivíduo tinha o direito de escolher e praticar livremente sua crença sem interferência ou punição do Estado?
Procure a característica que descreve a atitude do poder imperial em relação à diversidade religiosa nos dois momentos.

Erros Comuns

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Focar apenas na mudança da relação entre o Império e o Cristianismo (de perseguição para oficialização) e não perceber a continuidade da prática de controle estatal sobre a religião.
Interpretar o Édito de Tessalônica (Texto 2) como um ato de liberdade religiosa geral, quando na verdade ele impõe uma religião específica.
Confundir a adoção do Cristianismo como religião oficial (Texto 2) com uma subordinação do Estado à Igreja, o que não é o caso no período descrito.
Considerar apenas um dos textos para avaliar as alternativas, em vez de buscar a prática comum a ambos.
Associar práticas posteriores, como tribunais eclesiásticos plenamente desenvolvidos, ao período do Édito de Tessalônica.
Revisão

Liberdade Religiosa: É o princípio que garante a liberdade de um indivíduo ou comunidade, em público ou em privado, de manifestar a sua religião ou crença, no ensino, na prática, no culto e na observância, sujeito apenas às limitações prescritas por lei e que se justifiquem pela protecção da ordem, saúde ou moral públicas, ou dos direitos e liberdades fundamentais de outrem.

Império Romano e Religião: Inicialmente, o Império Romano era politeísta e geralmente tolerante com as religiões dos povos conquistados, desde que não entrassem em conflito com a ordem pública ou o culto imperial (visto como uma expressão de lealdade). O cristianismo, por ser monoteísta e recusar o culto a outros deuses e ao imperador, foi frequentemente visto como uma ameaça e alvo de perseguições (como descrito no Texto 1).

Édito de Milão (313 d.C.): Concedeu liberdade de culto no Império Romano, incluindo aos cristãos.

Édito de Tessalônica (380 d.C.): Foi um passo além, tornando o Cristianismo Niceno a religião oficial e única do Estado, marcando o fim da política de tolerância religiosa do Édito de Milão e iniciando a perseguição a pagãos e cristãos não-nicenos (hereges), como descrito no Texto 2.

45%
Taxa de acerto
24.1
Média de pontos TRI
Habilidade

Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

Porcentagem de alternativa escolhida por nota TRI
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