UFAL 2011

TEXTO

 

Entrevista com Evanildo Bechara

 

    Jornalista. É fato que o português está sendo invadido por expressões inglesas ou americanizadas – como background, playground, delivery, fastfood, dowload... Isso o preocupa?

    Bechara. Não. É preciso diferenciar língua e cultura. O sistema da língua não sofre nada com a introdução de termos estrangeiros. Pelo contrário, quando esses termos entram no sistema têm de se submeter às regras de funcionamento da língua, no caso, o português. Um exemplo: nós recebemos a palavra xerox. Ao entrar na língua, ela acabou por se submeter a uma série de normas. Daí surgiram xerocar, xerocopiar, xerografar, enfim, nasceu uma constelação de palavras dentro do sistema da língua portuguesa.

    Jornalista. Então esse processo não é ruim?

    Bechara. É até enriquecedor, pois incorpora palavras. Não há língua que tenha seu léxico livre dos estrangeirismos. A língua que mais os recebe, curiosamente, é o inglês, por ser um idioma voltado para o mundo.

    Hoje, fala-se “delivery”, mas poderíamos dizer “entrega a domicílio”. E há quem diga que o correto é “entrega em domicílio”. Será? Na dúvida, há quem fique com o “delivery”.

    A palavra inglesa delivery não chegou a entrar nos sistemas da nossa língua, pois dela não resultam outras palavras. Apenas entrou no vocabulário do dia a dia no contexto dos alimentos. Agora deram de falar que “entrega em domicílio” é melhor do que “entrega a domicílio”. Não sei de onde isso saiu, porque o verbo entregar normalmente se constrói com a preposição a. Fulano entregou a alma a Deus. De qualquer modo, a língua se enriquece quando você tem dois modos de dizer a mesma coisa.

    Jornalista. E por que usar “delivery”, se temos uma expressão própria em português? Não é mais um badulaque desnecessário?

    Bechara. Não sei se é badulaque, o fato é que a língua, que não tem vida independente, também admite modismos, além de refletir todas as qualidades e os defeitos do povo que a fala. Estrangeirismos aparecem, somem e podem ser substituídos por termos nossos. Foi o que aconteceu com a terminologia clássica e introdutória do futebol no Brasil, quando se falava em goalkeeper, off side e corner. Com a passar do tempo, e sem nenhuma atitude controladora, os termos estrangeiros do futebol foram dando lugar a expressões feitas no Brasil, como goleiro, impedimento, escanteio.

(Entrevista de Evanildo Bechara. Disponível em http.//www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=. Acesso em 30 de março de 2008. Adaptado).

Segundo o texto, a entrada na língua de palavras estrangeiras:

a

constitui um processo que favorece a decadência da língua, pois deixa em desuso muitas palavras do vocabulário da língua que importa.

b

representa um sinal de que diferentes línguas e culturas estão em constante contato, além de que as línguas são sistemas contextualizados.

c

constitui um fato a ser regulado por normas controladoras, a fim de que não implique ameaça à identidade da língua importadora.

d

descaracteriza a identidade morfossintática da língua uma vez que possibilita a derivação de palavras segundo outros critérios.

e

é um fato cultural pouco significativo, pois os estrangeirismos não são afetados pelas imposições gramaticais e lexicais da língua.

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Resposta
B
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