TEXTO:
Em pé na plataforma, aguardando o próximo trem
porque perdera o anterior, você observou que ao seu redor
só havia gente calada. Olhou para o seu lado esquerdo
e viu uma menina com fone de ouvido balançando a
cabeça muito lentamente, com o olhar pequeno e
distante. Olhou para o lado oposto e encontrou um
senhor de roupas simples; sua pele envelhecida de
muitos anos sob o sol revelava seu vigor esmorecido, e
sua mão direita se apoiava na bengala que parecia
suportar sua própria existência.
Ao olhar para frente, viu o reflexo do seu rosto no
vidro do trem que acabara de chegar. Encontrou uma
expressão semelhante à de seus companheiros de
viagem. Ao sentar-se dentro do vagão, pegou o celular e
começou a digitar no bloco de notas: “Para onde estou
indo?”
Tem momentos em que a nossa vida chega ao
limite. “Não aguento mais!”, você se lamenta consigo
mesmo. Estamos cansados de procurar o sentido das
coisas e de tentar entender o que parece não ter
explicação. A humanidade se destrói em guerras
estúpidas enquanto seu mundo interior está de ponta
cabeça. São tantas cobranças, e ainda tem muita gente
competitiva puxando o tapete do outro bem na nossa
frente. A conta está cada vez mais cara.
Parece que vivemos em um trem lotado de pessoas
que mal se olham. Há quem não respeita os assentos
para idosos e gestantes. Estamos tão próximos uns dos
outros, mas, ao mesmo tempo, tão distantes.
O trem segue seu rumo pré-determinado e você se
inquieta. Será que a vida é só isso mesmo? Essa rotina
sufocante enquanto se passam os nossos melhores
anos?
É verdade que nem sempre encontraremos exatas
respostas a tantos questionamentos. Porém, um dia,
curiosamente aprendi que podemos mergulhar fundo
nessas questões através dos nossos sonhos.
Foi assim que pedi minha licença poética… Pedi à
vida que me permitisse reinventar dores, preencher
ausências e pintar mistérios. Mas o que eu não sabia é
que nessa viagem eu não estaria sozinha.
A cada trem que chega não somos mais os
mesmos. Por mais difícil que seja a compreensão da
miséria no mundo e de nossas próprias incertezas, ainda
temos a capacidade de acreditar. De sonhar. Porque o
que importa é querer, o resto a gente aprende.
BEDONE, Rebeca. Viver é desaprender. O que importa é querer, o
resto a gente aprende. Disponível em: <http://www.revistabula.com/ 5060-
viver-e-desaprender-o-que-importa-e-querer-o-resto-a-gente-aprende/ >.
Acesso em: 15 out. 2015. Adaptado
A linguagem conotativa presente no texto pode ser exemplificada através da figura de linguagem denominada metáfora, presente em
“Em pé na plataforma, aguardando o próximo trem porque perdera o anterior, você observou que ao seu redor só havia gente calada.” (l. 1-3).
“Olhou para o lado oposto e encontrou um senhor de roupas simples; sua pele envelhecida de muitos anos sob o sol revelava seu vigor esmorecido” (l. 6-8).
“Parece que vivemos em um trem lotado de pessoas que mal se olham.” (l. 26-27).
“É verdade que nem sempre encontraremos exatas respostas a tantos questionamentos.” (l. 34-35).
“Porque o que importa é querer, o resto a gente aprende.” (l. 45-46).