FCM PB 2020/1

TEXTO – COM O CORAÇÃO NA MÃO

 

    Embora em nada se pareça a um coração humano, a peça de metal com mangueira que a cardiologista Juliana Giorgi segura na mão direita é o mais moderno “coração artificial” que existe – o HeartMate3 Left Ventricular Assist System (HM3), da empresa americana de cuidados com a saúde Abbott.

    O primeiro implante desse dispositivo no Brasil ocorreu em março, no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, pelas mãos do cirurgião Fábio Jatene e sob a supervisão do holandês Jaap Lahpor, consultor da Abbott. Juliana fez todo o acompanhamento clínico do paciente de 72 anos que recebeu o novo modelo. Ele está se recuperando muito bem.

    Apesar de serem mais conhecidos como “corações artificiais”, equipamentos como esses não substituem o órgão por completo. Mas podem ser a solução temporária ou definitiva para pacientes com insuficiência cardíaca avançada, quando tratamentos com remédios já não dão mais resultado. Esses “corações de aço” dão assistência ao ventrículo esquerdo que garante o bombeamento adequado do sangue oxigenado para todo o corpo. Eles têm grande potencial para tirar muitos pacientes da lista de espera por um transplante de coração ou, pelo menos, para lhes dar condições de aguardar a chamada.

    Isso porque, mesmo com o transplante de órgãos bem estruturado no país, os doadores ainda são escassos e as filas, longas. A espera por um coração leva de 45 dias a 3 anos. Mas a insuficiência cardíaca avançada compromete muito a qualidade de vida do doente. “Chegam a sobreviver um ano, em péssimas condições, passando meses internados, dependentes de balão de oxigênio e muita medicação”, diz Juliana.

    Os corações artificiais são, ainda, a única saída para quem nem na fila pode entrar devido a contraindicações, como diabetes grave, HIV positivo, imunodepressão, câncer ou idade superior a 65 anos. Além de ser opção para quem, por crenças pessoais ou religiosas, não aceita receber um órgão de outra pessoa.

    “Mas esse recurso ainda é bem pouco utilizado no Brasil. Há, atualmente, apenas cerca de 50 brasileiros implantados”, lamenta Juliana. O maior entrave está no alto custo de cada aparelho (cerca de 700 mil). Mas ela também aponta uma falta de conhecimento de parte dos colegas. Embora já sejam reconhecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Associação Nacional de Saúde (ANS), esses aparelhos ainda são vistos como experimentais por muitos profissionais da área.

    “No Brasil, a falta de financiamento do sistema público de saúde e de muitos convênios causa uma limitação enorme a esses dispositivos mais sofisticados”, afirma Noedir Stolf, cirurgião cardíaco, responsável por transplantes cardíacos do Instituto do Coração (InCor) e membro Fundador da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

    Devido aos custos e à cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS), apenas dispositivos mais simples são usados. Mas eles só podem ajudar por alguns dias ou semanas, no caso dos balões intra-aórticos, ou até um mês, no caso das bombas centrífugas comuns.

    Para Stolf, quando os dispositivos de última geração são usados como “ponte” para os transplantes – algo muito comum nos Estados Unidos da Europa –, o paciente chega à cirurgia em melhor estado no transplante. Alguns abandonam a fila, adaptando-se tão bem ao aparelho que os escolhem como tratamento definitivo.

    Juliana lembra ainda que a vida do transplantado não é um mar de rosas. “É preciso tomar o imunossupressor e remédios para controle de infecção. Além disso, existem a possibilidade de rejeição aguda e os casos de incompatibilidade”, diz.

    O implante do aparelho, por sua vez, elimina essas questões. A única restrição do paciente é mergulhar, já que o controle e as baterias do produto ficam para o lado de fora do corpo e não podem ser imersos em água – somente banho de chuveiro é permitido.

(MESQUITA, Renata Valério. Planeta. Ano 46. Edição 540. Maio de 2018, PP. 41-43)

Segundo o texto, o HeartMate3 Left Ventricular Assist System (HM3) é o mais moderno coração artificial que existe. Sobre esse modelo, pode-se afirmar:

 

I. É um dispositivo de assistência ventricular esquerda, não assumindo assim por completo o coração, mas promove o bombeamento adequado do sangue oxigenado para o corpo.

II. Apresenta benefícios e vantagens se comparado ao transplante de coração.

III. Não apresenta riscos ao paciente como a possibilidade de rejeição e de incompatibilidade que acompanha o paciente transplantado.

 

Está(ão) correta(s)

a

I, II e III.

b

apenas I. 

c

apenas II. 

d

apenas III.

e

apenas II e III.

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Resposta
A

Resolução

Para decidir quais afirmações estão de acordo com o texto, vamos analisar cada uma delas à luz das informações fornecidas.

Afirmativa I
 • O texto explica que o HeartMate 3 é um dispositivo de assistência ventricular esquerda, isto é, auxilia o ventrículo esquerdo no bombeamento de sangue, mas não substitui completamente o coração.
 • Também se afirma que ele garante o bombeamento adequado do sangue oxigenado para o corpo.
✅ Portanto, a afirmativa I está correta.

Afirmativa II
 • Embora o artigo aponte vantagens (pode tirar pacientes da fila, servir de ponte ou solução definitiva), ele também ressalta grandes limitações: custo altíssimo, pouca utilização no Brasil e necessidade de equipamentos externos que impedem, por exemplo, o mergulho.
 • Assim, o texto não sustenta a ideia de que o HM3 apresenta benefícios e vantagens em relação ao transplante de modo geral; ele é antes uma alternativa quando o transplante não é possível ou como “ponte”.
❌ Logo, a afirmativa II é considerada incorreta.

Afirmativa III
 • O texto enfatiza que o dispositivo elimina questões ligadas a imunossupressão e rejeição, mas não afirma que não exista qualquer risco. Há, por exemplo, restrições importantes (não pode mergulhar) e riscos cirúrgicos ou de complicações mecânicas, não mencionados como inexistentes.
 • Dizer que “não apresenta riscos” é uma afirmação absoluta que o texto não sustenta.
❌ Assim, a afirmativa III também é incorreta.

Com base nessa análise, apenas a afirmativa I está correta.

Resposta: B

Dicas

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Localize no texto onde se fala sobre a função do HeartMate 3.
Verifique se o texto afirma explicitamente ser melhor que transplante ou apenas alternativa.
Note se há algum trecho que elimine totalmente todos os riscos do dispositivo.

Erros Comuns

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Assumir que qualquer vantagem mencionada já torna o dispositivo globalmente superior ao transplante (erro na afirmativa II).
Interpretar a eliminação de rejeição imunológica como ausência total de riscos (erro na afirmativa III).
Revisão

Dispositivo de assistência ventricular esquerda (LVAD): bomba mecânica conectada ao ventrículo esquerdo para auxiliar o fluxo sanguíneo.

Ponte para transplante: uso temporário do LVAD até que o paciente receba um coração doador.

Limitações citadas no texto: elevado custo (≈ R\$ 700 mil), necessidade de bateria externa, proibição de mergulhos, pouca difusão no SUS/convênios.

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