TEXTO:
Cogito
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
[5] na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
[10] nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
[15] eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.
NETO, Torquato. Cogito. In: Os cem melhores poemas do século.Ítalo Mariconi (Org). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 269.
O título do poema sugere
um questionamento sobre a validade da existência humana.
uma reflexão sobre o fazer poético e sobre a condição do eu lírico na vida.
uma crítica a quem não tem opinião própria sobre as coisas de seu entorno.
um mergulho em reflexões subjetivas sobre a próprio condição existencial do eu.
uma representação lírica da atitude de conformismo do ser humano diante do mundo em que vive.