Texto
Cirurgia épica ao som de rock
Adriana Dias Lopes
VEJA acompanhou as dezesseis horas do primeiro transplante multivisceral – de cinco órgãos – realizado no Brasil, uma operação tornada possível pelos avanços da medicina invasiva
Era terça-feira, 3 de abril, noite da última
apresentação em São Paulo do baixista e
compositor Roger Walters, ex-líder da banda de
rock Pink Floyd. No fim do espetáculo, cerca de
[5] 70.000 pessoas lotavam as ruas estreitas em volta
do Estádio do Morumbi. O trânsito não andava. O
som das buzinas parecia abafar o que se ouvira
antes. Naquele momento, a apenas 800 metros dali,
no Hospital Albert Einstein, um grupo formado por
[10] três cirurgiões, quatro assistentes, uma enfermeira
e dois instrumentadores se preparava para ir a um
hospital distante, na Zona Sul da cidade, em um
dos bairros mais pobres da capital. Às 23:46,
chegaram dois dos três táxis pedidos pelo telefone.
[15] Todos se apertaram no carro e partiram. Vinte
minutos depois, e nada, eles continuavam nas
cercanias do Morumbi. "Este show deve ter sido
incrível", diz o cirurgião Ben-Hur Ferraz Neto, chefe
da equipe de transplantes do Hospital Albert
[20] Einstein, ao observar a iluminação do estádio vista
de longe.
A calma do especialista impressionava ante o
desafio que eles estavam prestes a enfrentar. O
grupo ia a um hospital público da periferia da cidade
[25] para fazer a captação dos órgãos do primeiro
transplante multivisceral do Brasil. Considerada a
cirurgia mais complexa da medicina, o processo
consiste na substituição de vários órgãos ao mesmo
tempo – naquele caso específico, estômago,
[30] duodeno, pâncreas, fígado e intestino delgado. É
uma operação de proporções épicas (...). Foram
treze horas de operação. Vítima de cirrose, a
receptora é uma mulher de 59 anos, 1.58 de altura
e 60 quilos – 10 deles referentes ao líquido
[35] acumulado na cavidade abdominal. (...)
(Veja: dez anos em dez temas – um olhar sobre a última década nas grandes reportagens e entrevistas da revista / organizado por Eurípedes Alcântara, São Paulo: Abril, 2016.)
Tomando-se por base a relação entre tipos textuais e emprego de tempos e modos verbais, identifique a alternativa que corresponde à estrutura prevalente no Texto em análise:
Descritivo, com predominância de verbos no presente do indicativo.
Descritivo, com predominância de verbos no pretérito imperfeito do indicativo.
Narrativo, com predominância de verbos no pretérito perfeito do indicativo.
Narrativo, com predominância de verbos no pretérito imperfeito do indicativo.
Expositivo, com predominância de verbos no pretérito imperfeito do indicativo.