TEXTO:
Ciência e tecnologia: transformando a relação do ser humano com o mundo
Apesar de todos os benefícios que a ciência
moderna e a tecnologia têm proporcionado aos seres
humanos, vem crescendo um discurso crítico sobre
o risco que elas podem causar no cenário da
[5] sociedade moderna, embora seja esse um assunto
controvertido.
Numa sociedade em que o desenvolvimento
científico-tecnológico se tornou hegemônico, é
fundamental refletir sobre a tecnologia numa outra
[10] perspectiva. O que temos visto é que o progresso
tecnológico não tem atendido às necessidades
básicas da população. Ele tem servido para a
promoção de interesses de poucos, como estratégia
do sistema capitalista. Entendemos que as prioridades
[15] dadas pelos governantes à tecnologia têm de ser
revistas, na busca da promoção humana, visando a
melhorar a qualidade de vida da população – o que,
efetivamente, não ocorre.
Poderíamos dizer, então, que o crescimento da
[20] importância do conhecimento e a aceleração na
produção de inovações fazem com que as assimetrias
e as desigualdades sociais tendam a um agravamento
na mesma velocidade, o que exige esforços
crescentes na tentativa de revertê-las.
[25] Nos últimos anos, a pesquisa básica tem
concentrado seus esforços em campos distantes das
necessidades cotidianas da sociedade, pois a ciência
e a tecnologia visam a atender às necessidades das
classes dominantes e de governos que representam
[30] empresas poderosas. Desse modo, somente uma
pequena parcela da população pode usufruir de
serviços e inovações delas decorrentes, o que acentua
a desigualdade social e garante o lucro de um seleto
grupo de empresas.
[35] Se o objetivo for o bem-estar geral, e não o lucro
máximo, se deve mudar o critério para estimular o
desenvolvimento científico e tecnológico. É necessário
haver uma modificação radical do lugar da ciência na
sociedade, de forma a abrir as portas desse
[40] desenvolvimento para toda população e não somente
para uma elite que usufrui do monopólio da ciência
desde o início da civilização. O avanço científico deve,
pois, ser encorajado a florescer e a avançar levando
em consideração o bem-estar do povo, e não somente
[45] o critério econômico, como acontece nos dias de hoje.
Assim, para que o desenvolvimento da ciência e
da tecnologia seja menos excludente, é necessário
que se considerem os reais problemas da população,
os riscos técnico-produtivos e a mudança social. Por
[50] isso, faz-se necessário ter uma visão contextualizada
das relações entre ciência, tecnologia e sociedade, e
investir em políticas públicas mais adequadas para
gerenciar as oportunidades e os perigos de uma
mudança tecnológica. Ou seja, a questão não é tanto
[55] se a ciência e a tecnologia são boas ou não, mas se
podem melhorar e como a vida das pessoas, num
contexto socioambiental harmônico.
Em vista disso, nos anos de 1960 e 1970, nos
países desenvolvidos, surgiu o movimento Ciência,
[60] Tecnologia e Sociedade (CTS), promovido pela
comunidade acadêmica – insatisfeita com a
concepção tradicional de ciência e tecnologia, e
preocupada com os problemas políticos e econômicos
decorrentes do desenvolvimento científico e
[65] tecnológico. Tal movimento nasceu com caráter crítico,
tanto em relação à visão essencialista da ciência e da
tecnologia, como à visão interdisciplinar entre áreas
do conhecimento, incentivando o questionamento das
certezas absolutas sobre a ciência e desvelando sua
[70] não neutralidade, de modo a favorecer uma tomada
de decisões mais coerente em relação aos problemas
presentes no uso dos conhecimentos científicos.
Por isso, destaca-se a importância da inserção
desse movimento também no ambiente educacional,
[75] de forma a propagar uma educação mais eficaz e
modificar um sistema de desenvolvimento científico
e tecnológico que acumula, a cada dia, mais riqueza
para uns poucos e miséria para a grande maioria. É
necessária uma mudança de atitude, de
[80] comportamento, para construir o mundo que
desejamos. Para isso, é indispensável proporcionar
a todos uma educação contextualizada com a
dimensão social da ciência e da tecnologia.
Nesse sentido a educação CTS é uma inovação
[85] cuja intenção é a de promover uma ampla
alfabetização científica e tecnológica (ACT), de
maneira que os cidadãos tenham condições de tomar
decisões responsáveis, no que se refere a questões
tecnológicas da sociedade contemporânea, como a
[90] contaminação ambiental, o esgotamento dos recursos
naturais, a ameaça de guerra nuclear, a liberação de
organismos geneticamente manipulados, a
deterioração da qualidade de trabalho pela
automação, entre outros.
SILVEIRA, Rosemari Monteiro C. F. Ciência e tecnologia: transformando a relação do ser humano com o mundo. Disponível em: http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/ portugues/sitesanais/anais9/artigos/workshop/art19.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. Adaptado.
“Assim, para que o desenvolvimento da ciência e da tecnologia seja menos excludente, é necessário considerar os reais problemas da população, os riscos técnico-produtivos e a mudança social.” (l. 46-49)
Há uma afirmação correta sobre esse período em
I. Trata-se de um período composto por subordinação com três orações.
II. São núcleos do sujeito da primeira oração: “ciência” e “tecnologia”.
III. A expressão “é necessário” tem um sujeito oracional.
IV. Os verbos desse período estão todos no modo indicativo.
V. As expressões “os reais problemas da população” e “a mudança social” têm a mesma função sintática, na mesma oração.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
I e II.
I e IV.
IV e V.
I, III e V.
II, III e IV.