Texto base:
“Mulher: Que é isso, João, você está em casa! Diga!
João Grilo: É que o gato que eu lhe trouxe descome
dinheiro.
Mulher: Descome dinheiro?
João Grilo: Descome sim.
Mulher: Essa eu só acredito vendo!
[...]
João Grilo: Está aí o gato.
Mulher: E daí?
João Grilo: É só tirar o dinheiro.
Mulher: Pois tire!
[...]
João Grilo: (Virando o gato pra Chicó, com o rabo
levantado) Tire aí, Chicó!
Chicó: Eu não, tire você!
[...]
João Grilo: (Passa a mão no traseiro do gato e tira
uma prata de cinco tostões.) Está aí, cinco tostões que
o gato lhe dá de presente”.
(SUASSUNA, Ariano. Auto da compadecida. Rio de Janeiro: Agir, 2005. p. 77-79).
Auto da compadecida é uma peça produzida com base em romances e histórias populares do Nordeste. O texto aproxima-se dos espetáculos de circo e da tradição popular, por isso, a sua relação com o tragicômico. O texto base apresenta trechos que constituem um diálogo a respeito de um gato que descome dinheiro, trechos retirados da peça teatral acima mencionada. Sobre Auto da compadecida, é correto afirmar:
O gato que descome dinheiro é uma criação de Ariano Suassuna, cuja história apareceu pela primeira vez em Auto da compadecida.
O gato que descome dinheiro é uma história que Ariano Suassuna escreveu com base na obra Auto da barca do inferno, do dramaturgo português Gil Vicente, do período clássico.
Em Auto da compadecida, o gato que descome dinheiro é enterrado, em latim, pelo padre.
A mulher, personagem verificada no trecho citado no texto base, refere-se à esposa do Major Antônio Moraes.
O gato que descome dinheiro é uma história que faz parte do imaginário popular do Nordeste brasileiro e o dramaturgo a reconta em Auto da compadecida, assim como faz com outros personagens de romances e histórias da região.