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A era das compras
A economia capitalista moderna deve aumentar a produção constantemente se quiser sobreviver. Mas só produzir não é o bastante. Também é preciso que alguém compre os produtos, ou os industrialistas e os investidores irão à falência. Para evitar essa catástrofe e garantir que as pessoas comprem o que quer que a indústria produza, surgiu um novo tipo de ética: o consumismo.
A maioria das pessoas ao longo da história viveu em condições de escassez. A frugalidade era, portanto, sua palavra de ordem. A ética austera dos puritanos e a dos espartanos são apenas dois exemplos famosos. Uma pessoa boa evitava luxos, nunca desperdiçava comida e remendava calças rasgadas em vez de comprar novas. Somente reis e nobres renunciavam publicamente a tais valores e ostentavam suas riquezas.
O consumismo vê o consumo de cada vez mais produtos e serviços como algo positivo. Encoraja as pessoas a cuidarem de si mesmas, a se mimarem e até a se matarem pouco a pouco por meio do consumo exagerado. A frugalidade é uma doença a ser curada.
Durante a maior parte da história, as pessoas teriam sido repelidas, e não atraídas, por comerciais que oferecem “um verdadeiro deleite com o sabor maravilhoso de quero mais”. O consumismo trabalhou duro, com a ajuda da psicologia popular para convencer as pessoas de que a indulgência é algo bom ao passo que a frugalidade significa auto-opressão.
Ou seja, o consumismo prosperou. Somos todos bons consumistas. Compramos uma série de produtos de que não precisamos. Os fabricantes criam deliberadamente produtos de vida curta e inventam modelos novos e desnecessários que devemos comprar para “não ficar de fora”. Ir às compras se tornou um passatempo favorito, e os bens de consumo se tornaram mediadores essenciais nas relações sociais. Feriados religiosos, como o Natal, se tornaram festivais de compras.
O florescimento consumista é mais visível no mercado de alimentos. No mundo afluente de hoje, um dos principais problemas de saúde é a obesidade, que acomete pobres e ricos. Todos os anos, a população dos Estados Unidos gasta mais dinheiro em dietas do que a quantidade necessária para alimentar todas as pessoas famintas do mundo. A obesidade é vitória dupla para o consumismo. Em vez de comer pouco, o que levará à contração econômica, as pessoas comem demais e, então, compram produtos para dieta – contribuindo duplamente para o crescimento econômico.
A ética capitalista e a consumista são dois lados da mesma moeda, uma combinação de dois mandamentos. O mandamento supremo dos ricos é “invista”. O mandamento supremo do resto de nós é “compre”.
Yuval Noah Harari. Uma breve história da humanidade. Sapiens. Porto alegre, RS: L&PM, 2017, p.357-358. Adaptado.
As normas da concordância verbal são, socialmente, razão de prestígio e, por isso, se torna relevante que, em determinados contextos formais, saibamos cumpri-las. Está de acordo com tais normas a seguinte alternativa:
Haviam pessoas que comia em demasia e, depois, adquiria produtos para dieta. Assim, contribui duplamente para o crescimento econômico.
Nenhum dos fabricantes antigos criavam produtos frágeis e inventavam modelos novos e desnecessários que devem ser comprados.
Eu sou um bom consumista. Tu és um bom consumista. Todos nós é que somos bons consumistas.
Pobres e ricos pode ser vítima, no mundo afluente de hoje, de um dos principais problemas de saúde que são a obesidade.
Para garantir que as pessoas compre o que quer que a indústria produza, surgiu novos tipos de ética: o consumismo é o principal deles.
Concordância verbal é a adequação do verbo em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira) ao seu sujeito. Em contextos formais e na escrita padrão, é essencial seguir as regras de concordância para que o texto seja considerado correto segundo a norma culta.