Texto
A análise sintática tem sido causa de crônicas e incômodas enxaquecas nos alunos de ensino médio. É que muitos professores, por tradição ou por comodismo, a têm transformado no próprio conteúdo do aprendizado da língua, como se aprender português fosse exclusivamente aprender análise sintática. O que deveria ser um instrumento de trabalho, um meio eficaz de aprendizagem, passou a ser um fim em si mesmo. Ora, ninguém estuda a língua só para saber o nome, quase sempre rebarbativo, de todos os componentes da frase.
Vários autores e mestres têm condenado até mesmo com veemência o abuso no ensino da análise sintática. Não obstante, o assunto continua a ser, salvo as costumeiras exceções, o “prato de substância” da cadeira de português no ensino fundamental. Apesar disso, ao chegar ao fim do curso, o estudante, em geral, continua a não saber escrever, mesmo que seja capaz de destrinchar qualquer estrofe camoniana ou qualquer período barroco de Vieira, nomenclaturando devidamente todos os seus termos. Então, “pra que análise sintática?” – perguntam aflitos alunos e mestres por esse Brasil afora.
(GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. Rio de Janeiro: FGV, 2010, p. 31)
Há uma incidência da função conativa da linguagem, pois o objeto da comunicação é a reflexão sobre a própria linguagem.
Pode-se notar uma preocupação com o arranjo da linguagem, fenômeno que caracteriza a presença da função poética.
O foco recai sobre o emissor da mensagem, para quem a atenção do interlocutor se volta, objetivando estabelecer um diálogo.
Fica evidente a preocupação em discutir o código linguístico, o que revela a predominância da função metalinguística.
Focaliza-se o destinatário da mensagem, a quem se quer explicar um problema; por isso, predomina a função apelativa da linguagem.