PUC-GO 2017

TEXTO 6

[...]

Era uma promessa, mas eu não via grande coisa no futuro, o mar estava muito longe, meu pensamento estava cravado ali mesmo, nos dias e noites do presente, nas portas fechadas do liceu, na morte de Laval. Yaqub sabia disso? Ele notou minha inquietação, minha tristeza. Disse-lhe isto: que estava com medo, faltava pouco para terminar o curso no liceu. Um professor tinha sido assassinado, o Antenor Laval... Ele ficou pensativo, balançando a cabeça. Olhou para mim: “Eu também tenho um amigo... foi meu professor em São Paulo...”. Parou de falar, me olhou como se eu não fosse entender o que ele ia dizer. Na época em que havia estudado no colégio dos padres Yaqub talvez tivesse conhecido Laval.

Ele sabia que Manaus se tornara uma cidade ocupada. As escolas e os cinemas tinham sido fechados, lanchas da Marinha patrulhavam a baía do Negro, e as estações de rádio transmitiam comunicados do Comando Militar da Amazônia. Rânia teve que fechar a loja porque a greve dos portuários terminara num confronto com a polícia do Exército. Halim me aconselhou a não mencionar o nome de Laval fora de casa. Outros nomes foram emudecidos. A tarja preta que cobria uma parte da fachada do liceu fora arrancada e as portas do prédio permaneceram trancadas por várias semanas.

Mesmo assim, Yaqub não se intimidou com os veículos verdes que cercavam as praças e o Manaus Harbour, com os homens de verde que ocupavam as avenidas e o aeroporto. Nem mesmo um diabo verde o teria intimidado. Eu não queria sair de casa, não entendia as razões da quartelada, mas sabia que havia tramas, movimento de tropas, protestos por toda parte. Violência. Tudo me fez medo. Mas ele insistiu em que eu o acompanhasse: “Já fui militar, sou oficial da reserva”, me disse orgulhoso.

(HATOUM, Milton. Dois irmãos. 19. reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 149.)

No Texto 6, fragmento do romance Dois irmãos, de Milton Hatoum, o narrador expõe fatos vividos no contexto histórico da ditadura militar ocorrida no Brasil entre as década de 1960 e 1980. Quanto à postura do narrador diante dessa conjuntura, assinale a alternativa correta:
a
O narrador tem papel central no desenrolar dos acontecimentos relacionados à ação dos militares em Manaus; por essa razão, está mais afinado ideologicamente com o gêmeo Omar, que empunha a bandeira contra a opressão.
b
O narrador, na condição testemunha e filho da empregada, mantém-se discreto, distanciado e à margem de ações de combate mais concretas; mas, como dono da voz narrativa, expressa sua postura ideológica no modo de narrar irônico e argumentativo.
c
As lacunas narrativas apresentadas pelo narrador arguto sugerem um ponto comum entre os gêmeos Omar e Yakub: a posição veemente contra a opressão da ditadura militar e o apoio às vítimas do golpe.
d
A postura destemida e de enfrentamento assumida por Yakub em relação aos “homens de verde” reforça a admiração do narrador por esse gêmeo tanto no âmbito ideológico, como no profissional, familiar e emocional.
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B
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