Texto 6
Capítulo CXIX / Parêntesis
Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia
dúzia de máximas das muitas que escrevi
por esse tempo. São bocejos de enfado;
[85] podem servir de epígrafe a discursos sem
assunto.
***
Suporta-se com paciência a cólica do
próximo.
***
Matamos o tempo; o tempo nos enterra.
***
[90] Um cocheiro filósofo costumava dizer que
o gosto da carruagem seria diminuto, se
todos andassem de carruagem.
***
Crê em ti; mas nem sempre duvides dos
outros.
***
[95] Não se compreende que um botocudo
fure o beiço para enfeitá-lo com um
pedaço de pau. Esta reflexão é de um
joalheiro.
***
Não te irrites se te pagarem mal um
[100] benefício: antes cair das nuvens, que de
um terceiro andar.
MACHADO DE ASSIS. In: MACHADO DE ASSIS. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1971 (Obra completa. v.I.) p. 617.
Escreva V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que se diz sobre o texto 6.
( ) Na primeira máxima (linhas 87-88), a obviedade é um dos elementos responsáveis pela ironia.
( ) Na segunda máxima (linha 89), a ironia se expressa por meio do paradoxo.
( ) Na quinta máxima (linhas 95-98), a ironia se constrói pela quebra de expectativa.
( ) Na sexta máxima (linhas 99-101), a ironia se instaura pela quebra de paralelismo, que leva à quebra de expectativa.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
V, V, F, F.
V, V, V, V.
F, F, V, V.
F, V, V, F.