Texto 4 - A Linha e o Linho
Lenine
É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia
E fosse aparecendo aos poucos nosso amor
Os nossos sentimentos loucos, nosso amor
O zig-zag do tormento, as cores da alegria
A curva generosa da compreensão
Formando a pétala da rosa, da paixão
A sua vida o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado
A casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza
O pernambucano Lenine é um dos compositores mais representativos da MPB na atualidade. A letra da música “A linha e o linho” possui, assim como várias de suas composições, uma construção poética e semântica diferenciadas. Levando-se em consideração a capacidade criativa do autor, é falso afirmar em relação aos sentidos expressos pelo Texto 4 que
o eu-lírico compara a construção de uma vida a dois à arte do bordado.
o cotidiano do casal constituir-se-ia a partir da conjunção entre “agulha” e “fantasia”.
com “O zig-zag do tormento”, o eu-lírico indica que a vida a dois também apresenta percalços.
expressões como “colcha de cama” e “toalha de mesa”, comuns ao ambiente doméstico, reforçam a ideia de que o amor se constrói na convivência.
na música, os verbos no gerúndio servem para indicar um amor já existente, contínuo, perene.