Texto 3
Qualquer que seja a chuva desses campos
devemos esperar pelos estios;
e ao chegar os serões e os fiéis enganos
amar os sonhos que restarem frios.
[95] Porém se não surgir o que sonhamos
e os ninhos imortais forem vazios,
há de haver pelo menos por ali
os pássaros que nós idealizamos.
Feliz de quem com cânticos se esconde
[100] e julga tê-los em seus próprios bicos,
e ao bico alheio em cânticos responde.
E vendo em torno as mais terríveis cenas,
possa mirar-se as asas depenadas
e contentar-se com as secretas penas.
(LIMA, Jorge de. In: Invenção de Orfeu. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967. p. 57-58.)
Observe o que é dito sobre o uso do vocábulo “penas” no último verso do poema (linha 104).
I. É um substantivo concreto que indica a penugem dos pássaros.
II. É um substantivo abstrato, que se refere aos sofrimentos humanos, mas também à compaixão e à piedade.
III. É ambíguo: o poeta joga com as duas acepções apresentadas.
É correto o que se afirma em
I, II e III.
I e II apenas.
II e III apenas.
I e III apenas.