CESMAC Medicina 2016/1

TEXTO 3

 

  O canteiro de palavras

 

Qual é o seu ofício – me pergunta com certa formalidade o simpático velhinho da fila do banco, depois do cumprimento habitual e do comentário sobre o tempo, rotinas que servem para quebrar o gelo (no nosso clima, literalmente) entre desconhecidos circunstancialmente íntimos pela espera compartilhada. Quase digo que sou jornalista, mas me policio porque conheço o poder inibidor da minha profissão.

 

– Vivo de escrever. – Respondo no mesmo tom evasivo, tentando decifrar o efeito da resposta no seu olhar enrugado. (...)

 

– Eu sou cortador de pedras – me diz com indisfarçável orgulho de quem detém um dote raro.

 

Antes que a fila ande, tenho tempo ainda para ouvir algumas explicações sobre a arte de tirar paralelepípedos da rocha bruta, sobre as ferramentas que usa e sobre a quantidade de peças que produz. Ouço em silêncio para não perturbar a narrativa, mas seu trabalho não me é estranho. Perto de minha casa há uma pedreira. Conheço a faina dos homens empoeirados que lá labutam. De vez em quando fico ouvindo a distância o martelar dos canteiros e pensando na célebre fábula sobre “a tenacidade de nossas ações”, escrita por Jacob Riis, que tem como personagem exatamente um cortador de pedras. Diz mais ou menos o seguinte: “Quando nada parece dar certo, eu observo o homem que corta pedras. Ele martela uma, duas, centenas de vezes, sem que uma só rachadura apareça. Porém, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas. E eu sei que não foi aquela pancada que operou o milagre, mas todas as que vieram antes”.

 

Pois escrever, me dou conta enquanto preencho o cheque, não deixa de ser um processo semelhante. A gente martela centenas de vezes até que brote do cérebro (ou do dicionário) a palavra adequada, talvez a única capaz de servir à construção literária planejada. Nem sempre se consegue. A não ser que o canteiro de letras tenha o talento daquele escultor de estátuas equestres que explicava com simplicidade como conseguia tal perfeição:

 

– Eu tiro da pedra tudo o que não seja cavalo.

(Nilson de Souza. Zero Hora. 17/7/1996).

O Texto 3, visto globalmente, se desenvolve:

a

a partir da descrição de como a faina dos cortadores de pedras é um processo penoso. 

b

em torno de uma metáfora que explora a analogia entre o ofício do escritor e o trabalho do escultor. 

c

na pretensão de enfatizar as rotinas dos diálogos breves que, por vezes, ocorrem socialmente. 

d

à volta das peculiaridades do trabalho dos jornalistas na sua lida diária de divulgar e noticiar. 

e

com vistas a contribuir para uma maior qualidade e relevância da construção literária.

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Resposta
B
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