Texto 3
“— A quem estais carregando, irmãos das almas, embrulhado nessa rede? Dizei que eu saiba.
— A um defunto de nada, irmão das almas, que há muitas horas viaja à sua morada.
— E sabeis quem era ele, irmãos das almas, sabeis como ele se chama ou se chamava?
— Severino Lavrador, irmão das almas, Severino Lavrador, mas já não lavra.
— E de onde que o estais trazendo, irmãos das almas, onde foi que começou vossa jornada?
— Onde a Caatinga é mais seca, irmão das almas, onde uma terra que não dá nem planta brava.
— E foi morrida essa morte, irmãos das almas, essa foi morte morrida ou foi matada?
(...)
— E quem foi que o emboscou, irmãos das almas, quem contra ele soltou essa ave-bala?
— Ali é difícil dizer, irmão das almas, sempre há uma bala voando desocupada.
— E o que havia ele feito irmãos das almas, e o que havia ele feito contra a tal pássara?
— Ter um hectare de terra, irmão das almas, de pedra e areia lavada que cultivava.
— Mas que roças que ele tinha, irmãos das almas que podia ele plantar na pedra avara?
— Nos magros lábios de areia, irmão das almas, os intervalos das pedras, plantava palha.”
A única alternativa verdadeira a respeito dos elementos retirados do texto é:
A expressão “irmãos das almas”, no primeiro verso, aparece entre vírgulas e desempenha a função de sujeito da forma verbal “estais”, que aparece no mesmo verso.
Em “Dizei que eu saiba”, ainda no primeiro verso, há uma forma verbal no imperativo que poderia ter como sujeito o pronome pessoal “tu”.
No quarto verso, com a expressão “mas já não lavra”, o autor quis estabelecer uma relação de oposição entre a profissão e a situação em que “Severino Lavrador” se encontrava.
O adjunto adverbial “Ali”, em “Ali é difícil dizer...”, foi utilizado referindo-se ao tipo de morte que teve o defunto.
Com “sabeis como ele se chama ou se chamava?”, no terceiro verso, o retirante demonstra não ter certeza de que o homem na rede estava morto.