Texto 2
O conhecimento
Diante da natureza, o homem –
animal racional – não age como os animais
inferiores. Estes apenas esforçam-se pela
[50] vida. O homem, além disso, esforça-se por
entender a natureza e, embora sua
inteligência seja dotada de limitações, tenta
sempre dominar a realidade, agir sobre ela
para torná-la mais adequada às suas
[55] próprias necessidades. E, à medida que a
domina e transforma, também amplia ou
desenvolve suas próprias necessidades.
Esse processo permanente de
acúmulo de conhecimentos sobre a natureza
[60] e de ações racionais capazes de transformá-
la compõe o universo de ideias que hoje
denominamos “Ciência”.
Ciência é, pois, o conhecimento
racional, sistemático, exato e verificável da
[65] realidade. Por meio da investigação científica
o homem reconstitui artificialmente o
universo real em sua própria mente. Mas
essa reconstituição ainda não é definitiva. A
descoberta e a compreensão de fatos quase
[70] sempre levam à necessidade de descobrir e
compreender novos fatos. E como o
resultado das investigações depende dos
conhecimentos já adquiridos e de
instrumentos capazes de aprofundar a
[75] observação, a Ciência está sempre limitada
às condições de sua época.
O que era conhecimento verdadeiro
para o sábio da Antiguidade já não o era
para o cientista do Renascimento; e o que foi
[80] verdadeiro para o cientista do século XVIII
pode já não o ser para o cientista dos nossos
dias. Assim diz-se também que a ciência é
falível, ou seja, pode ser exata apenas para
determinado período. O conceito científico
[85] que o homem tem do mundo é cada vez
mais amplo, mais profundo, mais detalhado
e mais exato. Mas está ainda muito longe de
ser completo. Assim, considerando-se o
desenvolvimento histórico da ciência, é lógico
[90] pressupor que o cientista do final do século
XXI disporá de conhecimentos muito mais
desenvolvidos e exatos do que os de hoje.
Afinal, o que é conhecer?
Em linhas gerais, conhecer é
[95] estabelecer uma relação entre a pessoa que
conhece e o objeto que passa a ser
conhecido. No processo de conhecimento,
quem conhece acaba por, de certo modo,
apropriar-se do objeto que conheceu. De
[100] certa forma “engole” o objeto que conheceu.
Ou seja, transforma em conceito esse objeto,
reconstitui-o na sua mente.
O conceito, no entanto, não é o
objeto real, não é a realidade, mas apenas
[105] uma forma de conhecer (ou conceber, ou
conceituar) a realidade. O objeto real
continua existindo como tal,
independentemente do fato de o
conhecermos ou não.
(Galliano. O método científico: teoria e prática. Editora Harper& Row do Brasil Ltda. São Paulo: 1979. p. 16-17.)
Observe as relações entre os elementos do primeiro parágrafo.
I. O “Estes” (linha 49) aponta para “os animais inferiores” (linhas 48-49).
II. O “isso” de “além disso” (linha 50) refere-se à oração “Estes apenas esforçam-se pela vida” (linhas 49-50), resumindo-a.
III. O substantivo “realidade” não é retomado por nenhuma anáfora.
Está correto o que se diz apenas em
I e II.
II e III.
I.
III.